Mercado
admite: 'Haddad vai crescer nas pesquisas e estará no segundo turno'
A pesquisa
divulgada pelo XP-Ipespe, que aponta um crescimento de Fernando Haddad,
candidato indicado por Lula para substitui-lo na disputa eleitoral colando em
Jair Bolsonaro (PSL), o mercado promove a sua campanha de terror pré-eleição,
com ataque especulativo cambial, elevando a cotação do dólar.
Por Dayane Santos,
no Vermelho
Junto com a pesquisa, a XP Política emitiu relatório de
análise sobre os números e tendências da pesquisa no qual afirma: “A principal
aposta da XP Política hoje é um segundo turno entre Jair Bolsonaro (PSL) e
Fernando Haddad (PT)”. De acordo com o relatório, a “astúcia tática de Lula” e
a inviabilização de Alckmin os levaram a chegar a essa conclusão.
O site InfoMoney, veículo de notícias do mercado financeiro e
um de seus porta-vozes, seguiu a diretriz da XP, ligada ao Banco Itaú, e disse
em manchete: “Haddad versus Bolsonaro é o cenário mais provável para o 2º
turno”.
Na avaliação da XP, a polarização política está entre Haddad
e Ciro Gomes que, segundo a análise, disputam o “espólio de Lula” e Geraldo
Alckmin, que apesar do maior tempo de rádio e televisão, “briga para ‘tomar de
volta’ os votos de Jair Bolsonaro”.
Quanto à candidata da Rede, laureada pelo mercado financeiro
nas eleições de 2014, a XP considerou que “não havia cenário em que tivesse
relevante chance de vitória”.
A matéria da InfoMoney avalia que a estratégia do tucano
Alckmin em usar o seu tempo de rádio e TV, o maior entre os candidatos, estava
surtindo efeito. Desconsiderando o fato de que Bolsonaro não apresentou propostas,
apenas discurso cheio de chavões e frases de efeito, a XP atribui uma
superforça aos marqueteiros do tucano e diz que ele Alckmin fez “crescer a
rejeição a Jair Bolsonaro” e estava consolidando a imagem de que o deputado
perderia a eleição para o PT, o que seria suficiente para ter os votos em seu
favor.
“Mas o atentado a Jair Bolsonaro atingiu também a campanha de
Alckmin. O ataque parou os tucanos por uma semana e fez os 9 segundos de
propaganda do deputado se transformarem em 24 horas diárias de cobertura
midiática, o que, por evidente, mudou a dinâmica das coisas. Por paradoxal que
seja, as campanhas presidenciais no Brasil parecem ter o cisne negro como uma
constante”, justifica o site.
Mas o InfoMoney tenta tapar o sol com a peneira. Alckmin não decolou
e está estagnado nas pesquisas desde o início da corrida eleitoral.
Todas as análises do mercado podem ser resumidas em um único
fato: a definição da candidatura da coligação PT-PCdoB-Pros, após o presidente
Lula ter seu registro cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e indicar
Fernando Haddad como seu substituto.
Uma frase do
artigo do InfoMoney escancarou o que anda tirando o sono do mercado: “Não é
exagero dizer que, com o PT em campanha, as eleições começaram de fato”.
Durante os últimos
meses, a grande mídia tentou emplacar a tese de que o candidato indicado por
Lula não teria a mesma força do ex-presidente, que liderava todas as pesquisas
de intenções de voto. Oficializada a substituição, Haddad mostrou que o
“poste”, como a imprensa o chama numa alusão a quem supostamente não tem
personalidade, estava se movimentando e capitalizando os votos. É isso que está
tirando o sono do mercado financeiro.
De acordo com a
XP, ainda que Alckmin volte a elevar o tom contra Bolsonaro, que está
internando após ataque a faca em Juiz de Fora (Minas Gerais), não produzirá o
mesmo efeito e como o tucano tem uma grande distância do ultradireitista seria
difícil chegar em condições para disputar o segundo turno.
Por outro lado,
a XP avalia que Bolsonaro ganhou uns votos ao ser humanizado após o ataque.
Alcançou os 20% na espontânea e pontua entre 23% e 26% na estimulada dos
principais institutos.
“Mas não
resolveu sua eleição neste fato, e a exploração política do ataque pelo lado
bolsonarista tem sido pobre. A foto desde a UTI hospitalar fazendo gesto de
metralhadora é a evidência visual de que o político do PSL perdeu o primeiro
momento de se colocar como o estadista que não é. Esse tempo se esgotou
totalmente? Não. Mas em poucos dias as coisas já começarão a ter cara de
notícia velha, caso novas informações, especialmente ligadas ao atacante, ou
alguma alteração considerável em seu quadro clínico não forem a público”,
analisou o InfoMoney, que acredita, no entanto, que ele sim, e não Alckmin, tem
condições de chegar ao segundo turno.
Ainda segundo a
avaliação do mercado, Fernando Haddad é o candidato de fato competitivo da
centro-esquerda. “Ciro, para ir ao segundo turno, precisa de um acidente na
campanha petista, coisa que não temos visto. Ciro estará, de certa forma, para
Haddad como Álvaro Dias está para Alckmin. Toma alguns votos regionais no mesmo
perfil eleitoral mas não mete medo”, diz o site.
Sendo a única
campanha que dialoga com o povo e sai às ruas, a coligação “O Povo Feliz de
Novo” potencializa e reverbera a força de Lula, que está preso desde 7 de abril.
Com isso,
Fernando Haddad, o poste, passa a ser o catalisador dos anseios da população
contra o golpe e sua agenda de desmonte do Estado. Com apenas três dias de
campanha após a oficialização da candidatura, o site do rentismo admite: “Ele
[Haddad] vai crescer nas pesquisas das próximas semanas, e, se nada de anormal
acontecer, estará no segundo turno, embalado por uma campanha publicitária
tocada por marqueteiros que, até agora, têm feito um bom trabalho, acertando o
tom emocional e a leitura política da corrida”.
Para a XP, o
seu maior pesadelo vai acontecer e a transferência de votos de Lula para Haddad
vai crescer e ele vai se distanciar dos demais candidatos, consolidando a sua
vaga para o segundo turno, deixando Alckmin, Ciro e Marina Silva para trás.
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