Menos violência, mais igualdade
Cida Pedrosa*, no Diário
de Pernambuco
Em 1991, 23 mulheres de diferentes países, reunidas pelo Centro de
Liderança Global de Mulheres (Center for Women’s Global Leadership - CWGL),
lançaram a campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher.
A ideia era promover o debate e denunciar as várias formas de agressão que elas
sofrem mundo afora. A campanha começaria no dia 25 de novembro - Dia
Internacional da Não Violência Contra as Mulheres - e terminaria em 10 de
dezembro - Dia Internacional dos Direitos Humanos. Hoje, mais de 150 países
participam desse movimento.
No Brasil, onde o movimento só começou a ser realizado em 2003,
encabeçado pelas feministas, o início foi antecipado para o dia 20 de novembro,
Dia da Consciência Negra. E não poderia ser diferente. Afinal, historicamente,
são as mulheres negras as vítimas preponderantes da violência de gênero, além
de estarem mais sujeitas à opressão e exploração que as brancas. O Atlas da
Violência 2018 mostra que o assassinato de mulheres negras aumentou 15% no
período de dez anos entre 2006 e 2016 no Brasil, enquanto o de brancas caiu 8%.
No Recife, os 16 dias têm sido marcados por atividades como rodas de diálogos,
palestras e panfletagens em locais públicos. Mas, este ano, a Prefeitura
do Recife, através da Secretaria da Mulher, traz novidades: o lançamento da
campanha “Nem mais, nem menos: iguais”. Algumas peças já podem ser vistas pelos
quatro cantos da cidade.
Com “Nem mais, nem menos”, pretendemos promover a igualdade entre homens
e mulheres, evocando velhas reivindicações da nossa agenda de luta: equiparação
salarial, divisão justa das tarefas domésticas, direito à livre escolha. O
próximo filme será sobre o Centro de Referência Clarice Lispector, um
equipamento voltado para o acolhimento e orientação de mulheres em situação de
violência.
Nas redes sociais da Prefeitura, entramos com o mote
#Sozinhavocênãofica, mostrando as pessoas que fazem parte da rede municipal de
enfrentamento à violência de gênero. Profissionais de equipamentos como o
Centro de Referência Clarice Lispector, Centro Sony Santos e do Ambulatório LBT
do Hospital da Mulher dão depoimentos de suas lutas no acolhimento das
recifenses e na construção de uma sociedade mais justa.
Não custa lembrar que a busca por igualdade de gênero está sintonizada
com os objetivos do milênio, definidos pela ONU no ano 2000, além de estar
assegurada pela Constituição federal. Há cerca de um século as mulheres lutam
para garantir direitos essenciais ao custo de muito sangue, suor e lágrimas. E
essa batalha vai continuar sem esmorecimento até que consigamos construir uma
sociedade mais justa e menos violenta, machista e patriarcal.
*Secretária
da Mulher do Recife
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