Turbulências a caminho de Davos
Luciano Siqueira
O capitão presidente realiza sua primeira viagem internacional, a Davos, para o Fórum que reúne líderes dos países mais desenvolvidos e cuida dos rumos da economia mundial, predominantemente sob a ótica do mercado.
Luciano Siqueira
O capitão presidente realiza sua primeira viagem internacional, a Davos, para o Fórum que reúne líderes dos países mais desenvolvidos e cuida dos rumos da economia mundial, predominantemente sob a ótica do mercado.
A bordo, muitos problemas — não
exatamente dos que deve tratar na Suíça, em reunião previamente esvaziada pela
ausência de líderes dos principais países, como o EUA e a China.
Os problemas que conduz em sua
bagagem estão fundamentalmente no Brasil, dizem respeito a seu iniciante e
atribulado governo.
Evidente que em menos de um mês
não se deve esperar muita coisa de um governo recém-instalado.
Mas também não
se esperava tanto tiro no próprio pé.
Há um rol de embaraços que o envolve.
O caso do filho eleito senador é fichinha diante de tantos outros.
A sociedade que compareceu às
urnas e majoritariamente escolheu o capitão nem tanto por seu programa de
governo, que jamais anunciou, mas, sobretudo, supunha que o país seria
governado por alguém à margem dos partidos tradicionais e, por conseguinte, de
práticas condenáveis.
Nesse quesito moralista, o próprio
clã Bolsonaro se encarrega de desmentir as expectativas dos seus eleitores.
Mas onde reside talvez o buraco
mais fundo seja justamente nas elites dominantes, que almejam facilidades
através das quais, a seu modo, cuidarão de renovar a economia em proveito de si
mesmas.
Até o momento, justamente do super
ministério da Economia, comandado por um especulador do mercado financeiro, não
se viu nada além de um pacote de intenções privatistas, que deve ser
apresentado em Davos como forma de atrair capitais externos.
E do outro super ministério, o da
Justiça, entregue como prêmio ao ex-juiz Sérgio Moro, ouve-se ensurdecedor silêncio
em relação ao caso Bolsonaro-Queiroz, como se estivesse ocorrendo em algum
distante país da Ásia.
Demais, ao lado de uma presença
exagerada de militares de alta patente no primeiro e segundo escalões, em
várias áreas, multiplicam-se os registros de nomeações de gente de qualificação
duvidosa para o exercício de funções que requerem competência e experiência
prévia na gestão pública.
O ultra liberalismo que se
pretende implementar, expressão da extrema direita, na verdade não conta com
uma massa crítica que sirva de fonte de gestores capazes de fazerem moer a
máquina governamental. Sequer há um acúmulo de formulação de políticas públicas
com esse matiz.
Assim, o presidente da República Federativa do Brasil que comparece a Davos ostenta a palidez dos embaraçados e a hesitação dos incompetentes.
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