Charge de Duke
VAR é bem-vindo e chegou
para ficar, mas falta experiência aos árbitros
Uso
da tecnologia ainda causa reação no futebol
Tostão, na Folha de S. Paulo
Nesta
semana, o VAR foi
um dos principais destaques, no Brasil e na Europa.
Isso é preocupante. Ele é bem-vindo, chegou para ficar e para ajudar os
árbitros a errarem menos, mas faltam experiência, conhecimento e sabedoria aos
árbitros de vídeo e de campo, aos auxiliares e aos analistas, que amam ou odeiam o
VAR. É mais um Fla-Flu.
Além
disso, existem, entre muitos que detestam o VAR,
um sentimento pessimista, trágico, de que o ser humano e o futebol são
injustos, antiéticos, que a maioria pensa só em levar vantagem e que não seria
o VAR que corrigiria a injustiça e o mundo.
Tratam
o VAR como um justiceiro, como são criticados e rotulados os que tentam fazer
justiça a todo custo.
Depois da eliminação do
Manchester City para o Tottenham,
com duas decisões corretas do VAR, a favor do Tottenham, uma no último minuto
de jogo, Guardiola disse que gosta do VAR e que não gostaria de se classificar
com um gol em impedimento. Enquanto isso, os dois técnicos, D’Alessandro e
outros jogadores se digladiavam no Gre-Nal, por causa do VAR e de outros
motivos.
Houve
duras críticas ao VAR e a Guardiola,
por não ser capaz de ganhar a Liga dos Campeões, a não ser pelo Barcelona, com Messi,
como se um grande técnico tivesse o poder de vencer quando quisesse e como se
enfrentasse um fraco adversário. No sábado (20), sem VAR, no Campeonato Inglês,
o City venceu novamente o Tottenham, por 1 a 0.
A
partida entre City e Tottenham foi excelente, com duas viradas e sete gols.
Lembrei do texto do artista plástico e escritor Nuno Ramos: “Tudo parece fácil
e concatenado quando ganhamos; tudo parece disperso e difícil quando perdemos.
No entanto, é por tão pouco que se ganha e se perde. O apito final estabiliza
violentamente aquilo que, no transcorrer do jogo, parece um rio catastrófico de
mil possibilidades, a nos arrastar com ele”.
O
Tottenham não eliminou o City porque ficou todo atrás, para contra-atacar. Foi
ousado, sofreu quatro gols, mas fez três.
Espero
que neste domingo (21), nas decisões dos
estaduais, haja bom futebol, sem violência e com pouca influência
negativa do VAR, principalmente sem o longo tempo à espera de uma decisão. Isso
é muito chato.
A
frequente discussão sobre o que é melhor e mais eficiente, pressionar e ter o
domínio da bola e do jogo ou recuar e fechar os espaços para contra-atacar, é
um papo furado e ultrapassado.
Todos
os técnicos do mundo querem vencer. Todos são pragmáticos. A diferença é que
alguns, como Guardiola, Sampaoli e outros, acham que a melhor maneira de ganhar
é a ousadia, buscar o gol, com troca de passes e futebol bem jogado, bonito.
Assim
jogam Ajax, Tottenham, Liverpool e Barcelona, os quatro semifinalistas da Liga
dos Campeões, além do Manchester City.
‘NETOS DE CRUYFF’ - Adorei a manchete do jornal A Bola, de
Portugal: “Os netos de Cruyff”. Cruyff não
foi o melhor jogador da história —foi um dos maiores—, mas foi, entre os
grandes jogadores, o que mais se destacou como treinador, por ter sido o mestre
de Guardiola na formação do revolucionário Barcelona.
Tenho
em meu escritório uma coleção de miniaturas de personagens, meus ídolos, de
variadas atividades humanas. Falta a de Cruyff. Cruzei com ele em um shopping,
na África do Sul, durante a Copa de 2010. Alguém disse a ele que eu era o
Tostão, campeão do mundo de 1970.
Ele
parou, enalteceu a seleção brasileira, enquanto eu tentava exaltar a seleção
holandesa de 1974, dois times que encantaram o mundo, para sempre.
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