Para ser um ótimo técnico,
não basta ter conhecimento
É
necessário ter também sabedoria, enxergar os detalhes subjetivos e objetivos
Tostão na Folha de S. Paulo
Os
estaduais, que não precisam acabar, mas que deveriam ser mais curtos, são como
as novelas. Os capítulos são longos, repetitivos e tediosos, à espera do grande
final, da festa emocionante. Parece até que, na média, as partidas foram
excelentes.
Já
o Brasileiro seria
como os grandes romances. Ainda mais se for bem jogado. As belíssimas tramas
perpassam todos os capítulos, sem depender do final, que pode ser emocionante
ou apenas um complemento. Assim é também a vida. A existência é muito mais
interessante que o fim, sem graça e sem escolha.
Antes
de começar o Brasileiro, continuam a Copa do Brasil e
a Libertadores.
O Flamengo tem grande chance de se classificar, mas, fora de casa, tem de ficar
atento aos perigos que são LDU e Peñarol. O time, com todos os jogadores em
boas condições, possui, do meio para frente, no mínimo, seis atletas bons e do
mesmo nível (Bruno Henrique, Vitinho, Arrascaeta, Gabigol, Diego e Éverton
Ribeiro). Dois ficam na reserva, já que Abel está cada dia mais convencido de
que o volante Willian Arão não pode sair do time, como muitos pedem. Sempre
quando o time perder, dirão que faltou o jogador que estava na reserva.
A
equipe precisa ter, no mínimo, um armador. Possui dois, Diego e Éverton
Ribeiro. Se Diego ficar na reserva, Éverton Ribeiro deveria jogar pelo meio,
como fez no primeiro jogo contra o Vasco. Arrascaeta é um meia-atacante. Bruno
Henrique é o que tem se destacado mais. Ele e Gabigol podem jogar pelo centro
ou pelo lado. Já Arrascaeta se dá bem quando atua pela esquerda. Abel Braga tem
variado e posicionado bem os jogadores.
Arão
é um volante que marca e chega rapidamente ao ataque, para finalizar, além de
ser bom nas jogadas aéreas, de bolas paradas. Assim jogou Paulinho,
na seleção, e atua Elias, no Atlético. Arão é um volante sem talento
para chegar à frente trocando passes, como um bom meia.
Mano Menezes passa
a ter um problema parecido com o de Abel, escalar juntos Thiago Neves e
Rodriguinho. Fez isso no momento certo, quando o Atlético vencia por 1 a 0.
Saiu o volante Romero. Mas não foi por isso que saiu o gol de empate, e sim
pela belíssima jogada individual de Pedro Rocha. Logo que empatou, Mano voltou
aos dois volantes, com a entrada de Lucas Silva no lugar de Rodriguinho.
É
querer demais que o precavido e seguro Mano Menezes escale habitualmente, desde
o início, Rodriguinho e Thiago Neves. Se isso acontecer, o técnico vai se olhar
no espelho e dizer: "Não acredito que você fez isso".
Se
o técnico do Cruzeiro ou o do Flamengo fossem Guardiola, certamente escalariam
um volante e dois meias, como faz o Manchester City. Mas, para isso, teriam de
mudar outros parâmetros estratégicos, o que não é comum nos times brasileiros.
Outro
técnico que substituiu bem, no momento certo, foi Carille,
na decisão paulista, ao colocar Vagner Love, muito mais para ser um segundo
atacante do que para jogar aberto, como fazia Pedrinho. O gol do Corinthians
foi belíssimo, pelo passe preciso de Sornoza e pela conclusão
de Love.
Carille não é um iluminado, é muito bom treinador.
Para
ser um ótimo técnico, não basta ter informação, conhecimento. É necessário ter também
sabedoria, enxergar os detalhes subjetivos e objetivos, além de fazer com os
jogadores executem bem o que foi planejado. A sabedoria não está nas escolas,
nos livros, mas, sem os livros, não existe sabedoria.
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