Hipóteses plausíveis
Luciano Siqueira
Óbvio que não se pode subestimar a dimensão da vitória da extrema direita no último pleito presidencial, desaguadouro do golpe que afastou do governo a presidenta Dilma Rousseff.
Um ciclo de transformações de caráter progressista, que se iniciara em 2003, com a assunção de Lula à presidência da Republica foi interrompido, dando lugar a um projeto diametralmente oposto.
A correlação de forças que se estabeleceu francamente desfavorável ao campo popular e democrático, se expressa em todas as esferas da sociedade.
As instituições republicanas, esgarçadas em sua credibilidade, se vêem hegemonizadas por grupos ultraconservadores e atuam articuladamente na mesma direção, apesar de escaramuças eventuais, frutos de interesses momentaneamente contraditórios.
Nessas condições, duas hipóteses se apresentam.
Ou o governo Bolsonaro engata a marcha, ganha algum juízo e concretiza a agenda ultraliberal; ou segue enredado em conflitos autofágicos, sofrendo de prolongado desgaste e inoperância, permitindo a rearticulação das forças políticas e sociais oponentes.
É cedo ainda para arriscar o palpite.
Mas é emblemática a incapacidade do presidente em domar os touros loucos batizados de “ideológicos” (o clã e o astrólogo-guru em particular) e de assegurar ao governo um mínimo de funcionalidade para levar seus intentos a cabo.
A resultante do almoço do presidente com a cúpula das Forças Armadas, na última terça, sinaliza para a segunda hipótese.
Assim, pesa consideravelmente o fator subjetivo — negativamente —, tanto no grupo instalado no governo, como na sua base parlamentar.
A maioria numérica na Câmara e no Senado ainda não se converteu em base de apoio minimamente estável em razão da incompetência do próprio presidente e dos seus articuladores.
De outra parte, manifestações públicas de estudantes e segmentos da comunidade universitária em defesa do sistema educacional público e atos de resistência à reforma previdenciária, que se espraiam pelo país, talvez estejam sinalizando o reingresso da pressão das ruas da cena política.
A greve geral convocada pelas centrais sindicais para 14 de junho será um teste importante.
Impõem-se na ordem do dia a necessária sagacidade para explorar, sobretudo no Parlamento, as contradições das forças governistas; e a busca de uma combinação entre a resistência institucional e movimentos de rua, com sentido unitário.
O fator subjetivo, que por enquanto conta negativamente no governo, há que ganhar maturidade e consequência entre as forças oposicionistas.
(Ilustração: Frantïseck Kupka)
Óbvio que não se pode subestimar a dimensão da vitória da extrema direita no último pleito presidencial, desaguadouro do golpe que afastou do governo a presidenta Dilma Rousseff.
Um ciclo de transformações de caráter progressista, que se iniciara em 2003, com a assunção de Lula à presidência da Republica foi interrompido, dando lugar a um projeto diametralmente oposto.
A correlação de forças que se estabeleceu francamente desfavorável ao campo popular e democrático, se expressa em todas as esferas da sociedade.
As instituições republicanas, esgarçadas em sua credibilidade, se vêem hegemonizadas por grupos ultraconservadores e atuam articuladamente na mesma direção, apesar de escaramuças eventuais, frutos de interesses momentaneamente contraditórios.
Nessas condições, duas hipóteses se apresentam.
Ou o governo Bolsonaro engata a marcha, ganha algum juízo e concretiza a agenda ultraliberal; ou segue enredado em conflitos autofágicos, sofrendo de prolongado desgaste e inoperância, permitindo a rearticulação das forças políticas e sociais oponentes.
É cedo ainda para arriscar o palpite.
Mas é emblemática a incapacidade do presidente em domar os touros loucos batizados de “ideológicos” (o clã e o astrólogo-guru em particular) e de assegurar ao governo um mínimo de funcionalidade para levar seus intentos a cabo.
A resultante do almoço do presidente com a cúpula das Forças Armadas, na última terça, sinaliza para a segunda hipótese.
Assim, pesa consideravelmente o fator subjetivo — negativamente —, tanto no grupo instalado no governo, como na sua base parlamentar.
A maioria numérica na Câmara e no Senado ainda não se converteu em base de apoio minimamente estável em razão da incompetência do próprio presidente e dos seus articuladores.
De outra parte, manifestações públicas de estudantes e segmentos da comunidade universitária em defesa do sistema educacional público e atos de resistência à reforma previdenciária, que se espraiam pelo país, talvez estejam sinalizando o reingresso da pressão das ruas da cena política.
A greve geral convocada pelas centrais sindicais para 14 de junho será um teste importante.
Impõem-se na ordem do dia a necessária sagacidade para explorar, sobretudo no Parlamento, as contradições das forças governistas; e a busca de uma combinação entre a resistência institucional e movimentos de rua, com sentido unitário.
O fator subjetivo, que por enquanto conta negativamente no governo, há que ganhar maturidade e consequência entre as forças oposicionistas.
(Ilustração: Frantïseck Kupka)
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