Uma senda a ser seguida
Luciano Siqueira
As manifestações de ontem em defesa do sistema educacional público, que aconteceram em mais de duzentas cidades, pela sua dimensão e capilaridade lembram o movimento pelas diretas já, em 1984, quando ganhou impulso e se espraiou até em regiões interioranas mais longínquas.
Ali ficava evidente a dimensão do movimento, que correspondia aos estertores da ditadura militar.
Agora, a pouco mais de quatro meses do governo de extrema direita, a bandeira da educação, tal como a da Previdência pública, tem o dom de sensibilizar milhões de brasileiros e ao mesmo tempo ferir pilares da agenda ultraliberal que o governo quer impor.
A greve geral convocada pelas centrais sindicais para 14 de junho, ainda que as categorias laborais não tenham a mesma liberdade de ação que têm professores e estudantes — sobretudo em ambiente de recessão econômica e de restrição do emprego —, pode ganhar também dimensão ampla.
Estamos ainda no começo de tudo.
O governo Bolsonaro, mesmo em desgastante queda livre nos índices de aprovação, toca sua tresloucada agenda de factóides numa correlação de forças que ainda não se inverteu.
Levará tempo para que isso aconteça. Depende de muitos fatores — e a tomada de consciência opositora é uma experiência coletiva alimentada pela realidade concreta e pela disputa de narrativas, onde a grande mídia cumpre um papel destacado, mesmo com a expansão da influência das redes sociais.
A oposição se beneficia da desastrosa operação política do governo, que dispõe de maioria numérica no parlamento, mas não consegue formar sua base de apoio; e divide a grande mídia (sintonizada com a agenda econômica) tratando como alvos a Rede Globo e a Folha de S. Paulo.
Mas, de outra parte, a dispersão de forças no campo oposicionista ainda se põe como um obstáculo a transpor.
A palavra de ordem "Lula livre" é justa, mas não se presta a uma unidade mais ampla.
O cerne do movimento — para que seja amplo e plural e, por consequência, forte — está na defesa da democracia em íntima articulação com a educação pública e a Previdência.
Como ocorreu nas manifestações de ontem.
Oxalá esse toque de objetividade e de amplitude também se manifeste na greve geral de junho.
Esta é a senda aberta.
Luciano Siqueira
As manifestações de ontem em defesa do sistema educacional público, que aconteceram em mais de duzentas cidades, pela sua dimensão e capilaridade lembram o movimento pelas diretas já, em 1984, quando ganhou impulso e se espraiou até em regiões interioranas mais longínquas.
Ali ficava evidente a dimensão do movimento, que correspondia aos estertores da ditadura militar.
Agora, a pouco mais de quatro meses do governo de extrema direita, a bandeira da educação, tal como a da Previdência pública, tem o dom de sensibilizar milhões de brasileiros e ao mesmo tempo ferir pilares da agenda ultraliberal que o governo quer impor.
A greve geral convocada pelas centrais sindicais para 14 de junho, ainda que as categorias laborais não tenham a mesma liberdade de ação que têm professores e estudantes — sobretudo em ambiente de recessão econômica e de restrição do emprego —, pode ganhar também dimensão ampla.
Estamos ainda no começo de tudo.
O governo Bolsonaro, mesmo em desgastante queda livre nos índices de aprovação, toca sua tresloucada agenda de factóides numa correlação de forças que ainda não se inverteu.
Levará tempo para que isso aconteça. Depende de muitos fatores — e a tomada de consciência opositora é uma experiência coletiva alimentada pela realidade concreta e pela disputa de narrativas, onde a grande mídia cumpre um papel destacado, mesmo com a expansão da influência das redes sociais.
A oposição se beneficia da desastrosa operação política do governo, que dispõe de maioria numérica no parlamento, mas não consegue formar sua base de apoio; e divide a grande mídia (sintonizada com a agenda econômica) tratando como alvos a Rede Globo e a Folha de S. Paulo.
Mas, de outra parte, a dispersão de forças no campo oposicionista ainda se põe como um obstáculo a transpor.
A palavra de ordem "Lula livre" é justa, mas não se presta a uma unidade mais ampla.
O cerne do movimento — para que seja amplo e plural e, por consequência, forte — está na defesa da democracia em íntima articulação com a educação pública e a Previdência.
Como ocorreu nas manifestações de ontem.
Oxalá esse toque de objetividade e de amplitude também se manifeste na greve geral de junho.
Esta é a senda aberta.
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