10 junho 2019

Força-tarefa golpista


Um complô comprovado
Luciano Siqueira

“Em sociedade tudo se sabe“, é o velho adágio originariamente atribuído a um cronista social.

Sabe-se mesmo — sobretudo em tempo de redes sociais, aplicativos e hackers.

As revelações do The Intercept_ Brasil acerca das relações promíscuas (legalmente proibidas) entre o então juiz Moro e o procurador Dellagnol confirmam o que a defesa de Lula denuncia há tempo e opinião pública internacional reverbera: o ex-presidente foi vítima de um processo contaminado por irregularidades jurídicas e de nítido intuito político.

O próprio Moro, atualmente no gozo da premiação a que fez jus — o cargo de ministro da Justiça —, reconhece a gravidade das revelações ao emitir nota pública, claramente na defensiva, afirmando que os seus diálogos com o procurador, agora publicados, estariam “fora do contexto“.

De acordo com a Constituição, o trabalho realizado pelos procuradores da operação Lava Jato não pode receber nenhuma interferência dos juízes. A uns cabe investigar e, se for o caso,  acusar; aos juízes cabe julgar — presumivelmente com a isenção necessária.

Mas na prática Moro, Dellagnol e auxiliares se constituíram num grupo político militante que agiu de maneira articulada e autônoma, ao arrepio das normas processuais. E interferiu diretamente nas eleições presidenciais, através do afastamento do ex-presidente Lula da disputa, o maior favorito nas pesquisas, então.

Na verdade, o papel de Moro e dos procuradores da Lava Jato tem implicações mais amplas, e vem desde o golpe que afastou a presidenta Dilma.

Denunciar essa gente é parte indissociável da luta pela preservação do Estado de direito em derrocada, fio condutor da luta democrática na atualidade.

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