Um complô comprovado
Luciano Siqueira
“Em sociedade tudo se sabe“, é o velho
adágio originariamente atribuído a um cronista social.
Sabe-se mesmo — sobretudo em tempo de
redes sociais, aplicativos e hackers.
As revelações do The Intercept_ Brasil
acerca das relações promíscuas (legalmente proibidas) entre o então juiz Moro e
o procurador Dellagnol confirmam o que a defesa de Lula denuncia há tempo e opinião
pública internacional reverbera: o ex-presidente foi vítima de um processo
contaminado por irregularidades jurídicas e de nítido intuito político.
O próprio Moro, atualmente no gozo da
premiação a que fez jus — o cargo de ministro da Justiça —, reconhece a
gravidade das revelações ao emitir nota pública, claramente na defensiva,
afirmando que os seus diálogos com o procurador, agora publicados, estariam
“fora do contexto“.
De acordo com a Constituição, o
trabalho realizado pelos procuradores da operação Lava Jato não pode receber nenhuma
interferência dos juízes. A uns cabe investigar e, se for o caso, acusar; aos juízes cabe julgar — presumivelmente
com a isenção necessária.
Mas na prática Moro, Dellagnol e
auxiliares se constituíram num grupo político militante que agiu de maneira
articulada e autônoma, ao arrepio das normas processuais. E interferiu
diretamente nas eleições presidenciais, através do afastamento do ex-presidente
Lula da disputa, o maior favorito nas pesquisas, então.
Na
verdade, o papel de Moro e dos procuradores da Lava Jato tem implicações mais
amplas, e vem desde o golpe que afastou a presidenta Dilma.
Denunciar
essa gente é parte indissociável da luta pela preservação do Estado de direito em
derrocada, fio condutor da luta democrática na atualidade.
Leia mais sobre temas da atualidade: https://bit.ly/2Jl5xwF
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