24 julho 2019

Primário e patético


Um Trump tupiniquim desgastado
Luciano Siqueira

A palavra do líder há de ser, quase sempre, a síntese das respostas que obtém dos seus liderados às perguntas que formula. Para compreender a realidade e agir para transformá-la.

A um presidente da República cabe estar bem informado – para atuar com determinação e bom senso, segundo seus propósitos. As informações em que deve se apoiar nem sempre lhe devem agradar, sobretudo numa sociedade tão desigual e problemática como a nossa.

Mas não se trata de selecionar “verdades” agradáveis e dispensar (ou ignorar) as desagradáveis.

Jair Bolsonaro teima em brigar com os dados da realidade – e com os órgãos federais encarregados de municiá-lo com informações cientificamente embasadas, tecnicamente confiáveis.

Adota um estranho critério de distinção entre estatísticas “de esquerda”, aquelas que revelam as mazelas do País e apontam o agravamento da crise social já sob o seu governo; e estatísticas supostamente “de direita”, que para sua infelicidade ainda não lhes foram apresentadas...

Tamanho primarismo tenta reproduzir conceitos e modos de agir do presidente Donald Trump, dos EUA, que o presidente brasileiro tem como ídolo e referência.

A diferença é que na terra do Tio Sam há um establishment consolidado, que funciona para impor limites às diatribes de qualquer presidente, seja republicano ou democrata.

Dentro da concepção do Império, tudo ou quase tudo é aceitável desde que para fazerem prevalecer os interesses norte-americanos sobre os da Humanidade. Mas há um certo poder de controle relativo sobre as inconsequências do atual presidente. Faz parte do jogo.

No Brasil de Jair Bolsonaro, notoriamente um governante “sem noção” (como o caracteriza a revista britânica The Economist, porta voz do rentismo internacional), concomitantemente com as arengas e as baboseiras diárias do presidente, dá-se o desmonte do Estado.

Para colocar no seu lugar, nem mesmo os “Chicago boys” que administram a economia sabem ao certo.

Nem o grupo de militares de alta patente, cujo comportamento dominante, no governo, ainda não está claro – inclusive até onde se dispõe à conivência com a desagregação das instituições.

O fato é que a principal medida de rendimento do atual governo, o desempenho da economia, faz água e não vê perspectiva promissora.

E aos olhos da maioria dos brasileiros, inclusive de parcelas expressivas dos seus eleitores em outubro, Bolsonaro já se revela uma opção de mau gosto e prejudicial ao País.

É o estado da arte momentâneo. Para onde caminhamos?

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