A grande
mentira da ineficiência das estatais
André Motta
Araujo, Jornal GGN
A
operação Lava Jato em aliança política com o neoliberalismo de mercado inventou
a lenda da ineficiência das estatais brasileiras. É lenda, eis porque:
1.A estatal ELETROBRAS construiu o
MAIOR PARQUE GERADOR DO MUNDO, 164 usinas gerando 42.000 MW mais 58.000 km de
linhas de transmissão que correspondem a 57% do total nacional, o maior
conjunto de geração e transmissão na mesma companhia. Tudo foi construído por
uma EMPRESA ESTATAL, sem monopólio no setor, companhias privadas poderiam
construir e não construíram nada, sem estatal o Brasil estaria apagado.
2.A
estatal PETROBRAS partiu do zero e chegou a ser a 7ª companhia de petróleo do
mundo, hoje não mais porque está sendo vendida aos pedaços pelos neoliberais.
Essa companhia construiu 11 refinarias, chegou a ter 187 navios, montou enorme
malha de oleodutos e gasodutos, a maior companhia petroquímica da América
Latina, a 3ª maior rede de distribuição mundial, hoje vendida e
DESCOBRIU O
PRÉ-SAL, onde a ineficiência?
3.O estatal BANCO DO BRASIL
tornou-se um dos vinte maiores bancos do planeta em 1990, até ser abatido pela
primeira leva dos neoliberais cariocas do governo FHC, que tudo fizeram para
diminuir o grande banco e deixar espaço para os bancos privados. O BANCO DO
BRASIL foi a locomotiva da economia brasileira no período 1950-1080, quando o
Brasil foi o País que mais cresceu no mundo, uma instituição com forte espírito
de corpo, funcionalismo de escol, uma verdadeira escola de boas práticas e
solidez funcional, com presença em todo o País e alto padrão de eficiência.
4.Além
das estatais federais importantes e fundamentais, outras no nível estadual
foram histórias de sucesso como a CESP, que construiu algumas das maiores
hidroelétricas do mundo, como Porto Primavera com um lago que mais que o dobro
de Itaipu (2.250 km2) , mais Ilha Solteira, Jupiá, Paraibuna, estatais os
metrôs de S.Paulo, Rio e de mais seis capitais, a SABESP, maior empresa de águas
do mundo, até hoje estatal mas no caminho da degola.
5. Na história da economia brasileira os
GRANDES SALTOS TECNOLÓGICOS se deram pelas estatais, a partir da SIDERURGIA em
1944, com a criação da CSN-Companhia Siderúrgica Nacional, a primeira das
siderúrgicas estatais, depois vieram a USIMINAS, a COSIPA e em ações especiais
a ACESITA, todas estatais. Na indústria aeronáutica a EMBRAER, estatal na sua
concepção, início e desenvolvimento, a EMBRATEL que uniu o Brasil em rede de
telecomunicações. Onde estavam os privados que adoram comprar a obra feita,
depois que o Estado teve a iniciativa e assumiu todos os riscos?
FORAM
GRANDES EMPRESAS QUE CONSTRUÍRAM A BASE de infraestrutura do Brasil, hoje
demonizadas como ineficientes, quando historicamente foram fundamentais para o
País, formando ótimos técnicos e dirigentes. O Brasil está jogando fora toda
uma cultura de Estado que o mercado jamais irá repetir, basta ver o que se
tornou a VALE privatizada, uma empresa que na ânsia exclusiva de interesse
financeiro sacrificou mais de 350 vidas.
O
Brasil moderno foi construído pelas ESTATAIS E NÃO PELO MERCADO, as estatais
representaram o Estado Nacional, uma visão de Pais, um projeto de
desenvolvimento. Por outro lado, quem disse que empresas privadas são sempre
boas para o País? Quantos projetos ruins, quantos negócios mal feitos de
empresas privadas deram grande prejuízo ao Brasil? As altas jogadas telefônicas
da BRASIL TELECOM, da TELEMAR, depois OI, o grupo OGX de Eike Batista, prédios
que caem, cervejarias que sonegam, linhas aéreas que vão à falência deixando
passageiros no aeroporto. Aliás, falando em aeroportos, dois grandes
privatizados em situação pré-falimentar, Viracopos e Guarulhos. Há pouco tempo
os bancos VOTORANTIM E PAN AMERICANO tiveram que ser salvos pelo Estado, assim
como no passado 243 bancos privados resgatados pelo Estado, com dinheiro
público. Então NÃO É SÓ A ESTATAL que pode causar prejuízo ao Estado, as
empresas privadas também e aí não se vê muito choro dos “neoliberais de
mercado”. Quando as coisas dão errado, o sacrossanto mercado apela para o
demonizado Estado.
A campanha contra as estatais é um aríete de abrir espaço para
os grandes negócios das privatizações. No lugar das estatais, que mesmo com
seus defeitos representam os interesses de toda a população brasileira,
entraram grupos que buscam exclusivamente lucros a curto prazo, o mais curto
possível. E no atual contexto, isso significa que os compradores serão fundos
especulativos e não empresas operacionais dos setores. Esses fundos mundialmente
se dedicam a retalhar as empresas e as venderem em pedaços, como já está sendo
feito pelos atuais privatistas da PETROBRAS, perdendo o País grandes estruturas
integradas, muitos empregos, capacidade de pesquisa e de expressão
civilizatória e jogando no lixo o interesse nacional.
O
POBRE DE DIREITA
É impressionante a ignorância de grande parte dos apoiadores da
privatização, muitos deles pobres que alegremente incensam especuladores e
banqueiros, batem palmas para o esquartejamento da PETROBRAS em benefício de
bilionários, tudo o que em nada vai beneficiar os pobres do Brasil. Vão
empobrecer mais ainda com o fim da PETROBRAS, da ELETROBRAS, dos CORREIOS, da
CASA DA MOEDA, estão vendendo o fogão, a geladeira, o sofá, a cama de casal
para torrar no Carnaval, vendendo por dois tostões o patrimônio do povo
brasileiro e depois virá o que?
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