Aula de um mestre
Tostão,
Folha de S. Paulo
Nesta semana, houve várias novidades no futebol brasileiro. O
espanhol Juanfran mostrou,
como já se sabia, que é um lateral sério e eficiente, no comportamento, nos
gestos e na maneira de jogar. Parece um professor, um lateral raiz. Daniel Alves jogou
de meio-campista, pela direita, como se visse a partida de cima e de frente
para o campo. Enxerga mais que os outros.
Rogério
Ceni chegou, deu alguns treinos e já sabia tudo do Cruzeiro.
Colocou o hábil e rápido lateral Dodô de volante, no lugar de Ariel. O técnico
disse que será Dodô ou Robinho. Como o Santos ficou com um a menos, Rogério,
sem perder tempo, antes de acabar o primeiro tempo, recuou Thiago Neves, voltou
Dodô para a lateral e pôs Fred de centroavante. Ele sabia que, com a vantagem
de um jogador, a bola estaria, com frequência, dentro da área.
Outra novidade, que não foi tanta surpresa, foi a demissão de Fernando Diniz,
após mais uma derrota. Penso que quando os resultados são ruins por bastante
tempo, o desempenho também não é bom, por razões individuais, coletivas ou as
duas coisas. Faltam finalizações mais eficientes, uma melhor marcação, com mais
trocas rápidas de passe.
Segundo as estatísticas, o Fluminense é um dos times que mais
criam chances de gol no Brasileiro.
São, realmente, muitas, mas tenho dúvidas sobre os critérios que os
estatísticos usam para definir chance de gol. Em 1995, quando comecei a
comentar futebol ao vivo pela TV,
anotava todas as oportunidades, pois acho o dado mais importante. Porém, tinha
muitas dúvidas. O Fluminense é também um dos times que mais trocam passes no
Brasileiro.
No programa Resenha, da ESPN Brasil, o mestre Alex, antes da
derrota para o CSA, sem se referir ao Fluminense, explicou que, para ele, um
bom passe é o feito para o companheiro próximo, a alguns metros do marcador, e
não para o jogador livre. Quando o marcador tenta desarmar, chega atrasado,
pois a bola já está com outro, e, assim, sucessivamente. Isso desestrutura a
marcação.
Quando o passe é dado para o companheiro muito livre, o que
acontece na maioria das vezes, o marcador, em vez de tentar desarmar, recua e
fecha os espaços defensivos. A troca de passes passa a ser para o lado, lenta e
improdutiva. Os treinadores deveriam pensar sobre isso.
FLA X INTER
Na média, noto uma evolução individual e coletiva dos times
brasileiros. O Flamengo tem mais jogadores brilhantes, do meio para frente, e é
mais capaz de encantar e de golear, quando encontra situações favoráveis.
Mas, em dois jogos mata-mata, contra o Inter, não há favorito. O
time gaúcho é muito forte defensivamente, sem deixar de atacar, e sabe que, no
Maracanã, não poderá perder por dois gols de diferença. O Inter eliminou o
Palmeiras após perder por 1 a 0, em São Paulo, e venceu o primeiro jogo, no
Mineirão, contra o Cruzeiro, pela Copa do Brasil
O Flamengo,
com Arão e Cuéllar, sem Diego, fica mais forte no conjunto, pois melhora a
marcação, e Arão pode chegar à frente, o que sabe fazer melhor. O Flamengo é o
único time brasileiro que tem, habitualmente, dois atacantes pelo meio, hábeis,
velozes e artilheiros (Gabigol e Bruno Henrique). Hoje não joga o Gabigol. Se
mantiver o desenho tático, Arrascaeta ou Vitinho deve formar dupla com Bruno
Henrique.
O Flamengo desperta a saudade da época da tabelinha da dupla de
atacantes.
[Ilustração: Francisco Eduardo]
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