Elefante em loja de cristais
Luciano Siqueira
O presidente Jair Bolsonaro logrou ontem alcançar uma proeza: a quase unanimidade nacional na avaliação negativa do seu discurso na abertura da Assembléia-Geral da Organização das Nações Unidas.
Luciano Siqueira
O presidente Jair Bolsonaro logrou ontem alcançar uma proeza: a quase unanimidade nacional na avaliação negativa do seu discurso na abertura da Assembléia-Geral da Organização das Nações Unidas.
A unanimidade não se configurou porque o próprio presidente, sua
equipe imediata e as chamadas brigadas digitais que o apoiam celebraram o
discurso como uma “vitória”.
O orador conseguiu surpreender negativamente inclusive as
correntes políticas e segmentos sociais que rejeitam o seu comportamento e o governo.
Seria minimamente razoável que, apesar da reconhecida precariedade do
presidente, regras mínimas de civilidade e de observância dos princípios que
norteiam as relações diplomáticas fossem por ele consideradas.
Porém a verdade é que Bolsonaro se comportou com a pequenez que lhe
é habitual, perdeu a oportunidade de se dirigir ao concerto das nações e falou
essencialmente para a sua base social e política de extrema direita
radicalizada, estimada nas pesquisas em pouco mais de vinte por cento dos
brasileiros.
Desnecessário aqui repetir as inúmeras observações críticas que a
unanimidade da grande mídia, inclusive, tem reverberado — da agressividade com
que atacou países membros da ONU às inverdades a propósito do trato que seu
governo vem dando à sustentabilidade ambiental.
Uma agência empenhada em conferir a fake news e impropriedades em discursos
de autoridades e personalidades públicas anotou, de 11 afirmações peremptórias
de Bolsonaro, apenas duas verdadeiras.
Na verdade, mais uma vez se confirma que o Brasil está sendo
governado por uma personalidade absolutamente despreparada para o cargo que
ocupa e que não tem uma percepção precisa das consequências negativas de sua
conduta na ONU para a inserção do Brasil na cena mundial.
Por exemplo, o tratamento absurdamente equivocado e inconsequente
que vem dando à questão ambiental simplesmente retirou do Brasil o protagonismo
internacional que havia conquistara no trato dessa matéria desde a Conferência Mundial
do Clima ocorrida no Rio de Janeiro, em 1992.
Além disso, são evidentes as consequências nefastas as relações
comerciais, afetando diretamente a exportação de produtos primários brasileiros
para nações de várias regiões.
E assim entra para a História o dia em que o presidente do Brasil
se comportou diante do mundo como um elefante desorientado em loja de cristais.
[Ilustração: Charge de Mariano, colhida na internet]
Acesse o canal ‘Luciano Siqueira opina’, no YouTube https://bit.ly/2YLG8YV Leia mais sobre temas da atualidade: https://bit.ly/2Jl5xwF
Nenhum comentário:
Postar um comentário