Bolsonaro,
um ano de governo da extrema direita
Completa-se, neste 1º de janeiro, um
ano do pior governo que a República brasileira já teve – o governo do
ex-capitão Jair Bolsonaro.
José Carlos Ruy, Portal Vermelho
Não que o ocupante direitista do
Palácio do Planalto seja incompetente – esta é uma acusação que muita gente
faz, supondo-se de esquerda que, por isso, deva desqualificar o atual
governante do país. Não – esta é uma saída fácil!
Ao
contrário daqueles que atribuem a ele essa chamada incompetência, os malefícios
que resultam de sua ação governamental cumprem exatamente o papel a que se
comprometeu durante a campanha eleitoral de 2018: põem em prática o que
prometeu e mesmo o que não, mas foram atribuídas ao candidato na campanha de
2018.
Desse
ponto de vista, embora as medidas de seu governo sejam malévolas e nefastas, o
presidente tem tido a competência de pôr em prática o que esperavam – e ainda
esperam dele – seus eleitores, da direita, evangélicos fundamentalistas e a
enorme massa daqueles que, a pretexto de um mal compreendido “antipetismo”, o
escolheram para o mais alto cargo da República.
Bolsonaro
governa para os muito ricos – as cerca de 20 mil famílias que, segundo o
professor Marcio Pochmann, da Unicamp, dominam, controlam e se beneficiam da
riqueza brasileira. Governa subordinado aos interesses do imperialismo dos EUA.
Além de envergonhar o País e enxovalhar a soberania nacional, destrói parcerias
do Brasil no exterior, com profundas ameaças ao comércio externo do País.
Governa de costas, e de forma hostil, aos milhões de desempregados (cujo total
de 13,3 milhões mal foi arranhado pelos 900 mil empregos precários alardeados
pela direita) que há no país, aprofundando os ataques aos direitos sociais e trabalhistas,
avançando a tentativas de destruir os sindicatos, e mesmo investindo contra a
regulamentação de profissões.
Imaginava-se
que o governo do usurpador Michel Temer, nascido do golpe que em 2016 tirou a
presidenta legítima Dilma Rousseff do governo, teria sido o pior da República.
Mas ele foi suplantado pelo de seu sucessor, Jair Bolsonaro, que manteve e
aprofundou as medidas insanas, antidemocráticas, antinacionais e antipopulares
cuja imposição foi iniciada sob Temer.
É
o pior governo da história da República – e se iguala talvez aos piores
momentos que o país viveu sob Império –, como a mudança imposta pela tarifa
Silva Ferraz, em 1860 – que talvez seja o sonho da direita neoliberal e
financeira: ela destruiu a indústria brasileira que nascia sob a ação de Mauá.
Aquela lei tarifária eliminou taxas de importação de ferragens e outros objetos
(como canos para o encanamento de água) e permitiu a importação de navios sem o
pagamento de nenhuma tarifa. Provocou, assim, a destruição das industrias e dos
estaleiros iniciados por Mauá.
O
Brasil volta, sob Bolsonaro, a viver semelhante situação de hegemonia liberal,
na qual, aprofundado pela dupla Bolsonaro-Guedes, o liberalismo perde o sufixo
“neo” que alguns tentaram colocar nele, e se apresenta com a mesma crueza,
desumanidade e aversão ao progresso social que teve no passado, antes de 1930 e
mesmo da República. Como sempre pretenderam os liberais e a direita, parece
próxima a volta do Estado que seja apenas repressor (polícias, forças armadas e
tribunais), arrecadador (aparato fiscal) e devedor aos muito ricos (através do
mecanismo da dívida pública que mantém o Estado refém dos donos do dinheiro).
Um
Estado onde não existem direitos sociais e a democracia seja escassa, onde
prevaleça a ideia hobesiana do “homem lobo do homem” – do exacerbado
individualismo burguês de cada um contra todos e o poder do dinheiro pairando
sobre todos como o deus soberano que rege e inferniza as relações humanas.
Esta
reflexão surge quando Bolsonaro completa um ano de péssimos serviços ao País,
aos brasileiros, aos trabalhadores, à democracia. E que exige de cada um de nós
– democratas, progressistas, socialistas e demais que defendem o progresso
social – o mais intenso engajamento na luta contra o autoritarismo, pelo
restabelecimento da democracia e o respeito aos direitos de todos.
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