Jovens
são a esperança de um futebol e um país menos preconceituosos
Tostão, Folha de
S. Paulo
Como não foi possível assistir ao Flamengo nem ao Athletico-PR neste
ano, pelo fato de os jogos não serem transmitidos pela TV, enfim, verei neste
domingo (16) o campeão brasileiro contra o campeão da Copa do Brasil, na
disputa da Supercopa do
Brasil.
A equipe paranaense, após uma progressiva e longa evolução,
dentro e fora de campo, está entre as grandes do país. Bahia e Fortaleza
parecem seguir o mesmo caminho.
Dias atrás, vi, no programa Bola da Vez, da ESPN
Brasil, uma excelente entrevista com o jovem presidente do Bahia,
Guilherme Bellintani, de 42 anos. Ele, mais uma vez, demonstrou muito
conhecimento, não só do mundo do futebol, além de serenidade, equilíbrio e de
se expressar muito bem. O Bahia tem assumido propostas sociais e contra os
preconceitos. Parafraseando os catalães, é mais que um clube.
Os jovens são a esperança de que, em um breve futuro, veremos um
futebol e um país menos preconceituosos e radicais e mais dignos e eficientes.
No meio de semana, mais um grande time brasileiro foi eliminado em
uma competição internacional, contra um adversário com muito menos recursos
técnicos e financeiros. Entre tantos motivos, falta equilíbrio
e inteligência emocional.
Havia um grande risco de que um jogador do Corinthians fosse expulso, pois, em
poucos minutos, três atletas já tinham recebido cartão amarelo. Os jogadores
não conseguiram suportar a pressão para vencer.
Como os dados emocionais não são medidos nas estatísticas, a
abordagem psicológica é ignorada.
Na parte técnica, mesmo no período em que o Corinthians era
muito superior, o modesto Guaraní, do Paraguai, tocava a bola com facilidade,
no meio-campo, e criava chances. Era inevitável que fizessem um gol.
O Corinthians não tem também o hábito de fazer três.
O futebol brasileiro vive um momento confuso na formação do
meio-campo. Inter e Santos,
dirigidos por técnicos
estrangeiros, têm jogado com um volante entre os zagueiros, para
iniciar as jogadas ofensivas. Com isso, os dois laterais se posicionam como
pontas. Mas, quando o time ataca, o volante continua lá atrás. Na prática,
são três zagueiros.
Os principais times europeus não jogam dessa maneira, como
escutei várias vezes. Atuam com três no meio-campo, formado por um volante e um
meio-campista de cada lado. Quando o time ataca, o volante é armador. Não é um
terceiro zagueiro. No Flamengo, Arão inicia as jogadas entre os zagueiros e
avança como um jogador de meio-campo.
Guardiola, craque da estratégia, disse que
nunca pensou em ser o melhor técnico do mundo, o que discordo, pois a ambição
está presente entre os grandes talentos e entre os campeões.
Guardiola falou ainda que, se o Barcelona, dirigido por ele, não
tivesse Messi,
Iniesta e Xavi, não seria o time espetacular e revolucionário que foi, o que
concordo. Isso não diminui em nada o brilho
de Guardiola.
de Guardiola.
Por ser um técnico criativo, detalhista e vanguardista,
Guardiola nunca seria um treinador de um time com jogadores bons, comuns, mesmo
campeão, mas que privilegiasse o jogo mais pragmático e de menos riscos, como
fazem outros excelentes técnicos, como Carlo Ancelotti e José Mourinho.
Os técnicos e a estratégia são fundamentais, porém, mais
importante é a qualidade dos jogadores. Guardiola, além de ter uma consciência
crítica sobre os limites de um treinador, se descolou do personagem, da
criatura, do mito. Tornou-se mais humano.
[Ilustração: Arshile Gorki]
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