Pandemia: isolamento acelera recuperação econômica, mostra estudo
Estudo divulgado nos
Estados Unidos analisou efeitos da gripe espanhola na economia em 1918. Cidades
que tomaram medidas mais duras mais cedo tiveram recuperação econômica mais
rápida.
Marianna Branco, portal Vermelho
De acordo com o estudo, as cidades com mortalidade mais alta durante a gripe de 2018 registraram um crescimento econômico mais baixo. Por outro lado, cidades que implementaram medidas de combate à pandemia por um tempo mais longo registraram baixa mortalidade e um crescimento econômico maior no período subsequente.
Marianna Branco, portal Vermelho
De acordo com o estudo, as cidades com mortalidade mais alta durante a gripe de 2018 registraram um crescimento econômico mais baixo. Por outro lado, cidades que implementaram medidas de combate à pandemia por um tempo mais longo registraram baixa mortalidade e um crescimento econômico maior no período subsequente.
“Cidades que intervieram mais cedo
e de forma mais agressiva experimentaram um aumento relativo do emprego e
produção industrial e ativos bancários em 1919, após o fim da pandemia”, afirma
o estudo. Os efeitos, destacam os especialistas, são quantificáveis.
“Reagir 10 dias antes da chegada da pandemia em uma determinada cidade aumenta o emprego industrial em cerca de 5% no período posterior. Da mesma forma, implementar intervenções não-farmacêuticas [isolamento] por 50 dias adicionais aumenta o emprego industrial em 6,5% depois da pandemia”, ressalta o estudo.
“Reagir 10 dias antes da chegada da pandemia em uma determinada cidade aumenta o emprego industrial em cerca de 5% no período posterior. Da mesma forma, implementar intervenções não-farmacêuticas [isolamento] por 50 dias adicionais aumenta o emprego industrial em 6,5% depois da pandemia”, ressalta o estudo.
“Descobrimos que cidades que
intervieram mais cedo e de forma mais agressiva não têm uma performance pior,
na verdade, crescem mais rápido depois do fim da pandemia. Nossos resultados,
portanto, indicam que as intervenções não-farmacêuticas não apenas diminuem a
mortalidade; elas também mitigam as consequências econômicas adve rsas de uma
pandemia”, conclui o estudo.
A análise foi divulgada na
quinta-feira (26) e passou por atualização na segunda (30). É assinada por
Sergio Correia e Stephen Luck, do Federal Reserve (o banco central dos Estados
Unidos) e por Emil Verner, da Escola de Administração do Massachussets
Institute of Technology (MIT).
É um estudo histórico, de um
momento um pouco diferente, mas que mostra algo que outros estudos já apontavam
nesse sentido. Se você conseguir tomar as medidas sanitárias adequadas no tempo
certo o impacto sanitário e econômico é menor, porque não dá para separar as
duas coisas.
Medidas precoces
O economista Guilherme Mello,
professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), afirma que as
conclusões estão em linha com o que outros estudos têm mostrado. “Se você consegue
conter de forma mais eficaz a epidemia e sair do isolamento mais cedo, os danos
econômicos prolongados são menores. Agora, se a epidemia sobrecarrega muito seu
sistema de saúde, provoca muita morte, perdas para famílias e empresas, a perda
de longo prazo é enorme. Você perde capital humano, as empresas fecham e você
tem que manter as medidas de isolamento por mais tempo, porque a epidemia se
alastrou de maneira mais intensa”, afirma.
Como exemplos de países reagiram
rápido à epidemia do novo coronavírus, Mello cita China, Coreia do Sul e Japão,
na Ásia, e a Dinamarca, na Europa. “A China talvez seja um bom exemplo, porque
o pessoal diz que demorou [a reagir]. Não demorou. Com muito menos casos que
outros países orientais, ela já tomou medidas bastante extremas. L&aa cute;
no comecinho da pandemia teve uma certa resistência em admitir, tanto que o
prefeito de Wuhan teve que pedir desculpas. Mas, assim que se percebeu, tanto
China quanto Coreia e Japão, que já tinham passado pela Sars [Sars-CoV, uma síndrome
respiratória grave], tomaram medidas muito duras”, comenta.
No caso de Coreia do Sul, a
testagem em massa foi determinante para o sucesso da estratégia de combate ao
vírus. “No caso da Coreia, além das medidas duras, teve essa questão de
produzir os testes e fez testagem em massa. E isso permite um isolamento um
pouco mais seletivo. Se você tem teste, você consegue ver, mirar, isolar as
pessoas. É uma coisa mei o que es perada”, destaca.
Segundo Mello, os países que
tomaram medidas precoces são os que começam a discutir o fim do isolamento.
“Além da China, no caso da Europa, isso vale para a Dinamarca. Logo que a
Itália começou a ficar grave, a Dinamarca já tomou várias medidas de isolamento
e agora está começando a cogitar uma saída gradual”, diz.
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