Quebra de braço no Planalto
Luciano Siqueira
Exageradamente
apelidado de Plano Marshall (em alusão ao programa de reconstrução da Europa no pós-guerra), e não passando por enquanto de uma declaração de intenções anunciada
pelo ministro chefe da Casa Civil, general Braga Neto, o suposto plano de
retomada da economia brasileira no pós-pandemia exibe as agudas contradições no
seio do governo.
O ministro da Economia, Paulo Guedes,
que não compareceu ao anúncio do dito plano, fez questão de demarcar campos: nada
pode ir além dos limites do respeito ao teto de gastos. O incentivo ao
investimento deve acontecer com recursos privados.
Para Guedes e sua equipe de
fundamentalistas do ultraliberalismo, o equilíbrio fiscal (sequer inexistente)
está acima de tudo: do combate à pandemia, do desenvolvimento do País, da
geração de empregos, da redução da exclusão social, da recuperação do dinamismo
da economia.
A escaramuça expõe o beco sem saída
em que se encontra o governo Bolsonaro, preso aos seus compromissos
fundamentais com o rentismo, alheio ao drama do povo brasileiro.
O grande empresariado brasileiro,
hoje presa fácil e cúmplice das finanças internacionais, mais empenhado na
busca de lucros nominais na Bolsa do que na geração de riqueza via produção
real, mantém o apoio ao governo. Entretanto, objetivamente o aprofundamento da
crise global, sob a pressão do colapso das linhas de proidução e do mercado,
dissolverá rapidamente boa parte do capital fictício.
E para uma nação da dimensão do
Brasil, soluções efetivas reclamam um governo capaz de romper com o ideário
ultraliberal e tomar medidas efetivas para socorrer o povo na crise sanitária e
adotar as medidas necessárias à retomada das atividades econômicas.
O governo Bolsonaro é inepto e
incompetente. Incapaz de realizar essa empreitada https://bit.ly/3aznqEL
Uma contradição frontal com a agenda
que os governadores e segmentos sociais e políticos – o PCdoB de modo saliente –
vêm costurando como fundamento de uma nacional pela salvação da nação.
Bolsonaro e equipe são insensíveis à defesa
da vida como prioridade, à
necessidade de mais recursos para o fortalecimento do SUS; à defesa do emprego,
dos direitos dos trabalhadores, a manutenção dos salários, a ampliação da renda
da população carente e ao provimento das necessidades básicas da população; à
proteção da economia nacional, em especial as micro, pequenas e médias, que
geram mais da metade dos empregos com carteira assinada no setor privado; à
necessidade de apoiar os governadores e os prefeitos, suspendendo o pagamento
da dívida com a União, com os bancos públicos e com organismos internacionais.
Nada disso. O ex-capitão deseja
conduzir o País ao caos, ambiente no qual supõe possam prosperar seus intentos
ditatoriais.
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