Não ignoremos lições da
história: Bolsonaro precisa ser afastado
Limites foram
cruzados há muito tempo e realidade do brasileiro é grave demais para ter que
lidar com essa pessoa na Presidência
Deco Costa*
Dizem
que o pré julgamento é uma das formas mais arrogantes de se evidenciar a
fraqueza humana da injustiça. Entretanto, no caso do presidente Bolsonaro,
tenho certeza, julgo com segurança: ele é um homem mau.
A
narrativa política no Brasil, com o avanço do coronavírus, trouxeram não só
absurdos terraplanistas como verdades absolutas, mas o desprezo pela dignidade
à pessoa humana. Os idosos, para o governo atual, passaram a ser tão
dispensáveis quanto os judeus na Alemanha de 1930. Aliás, o patrono das câmaras
de gás, um certo Fuhrer, caso estivesse vivo, sentiría-se contemplado pelo
colega dos trópicos.
Desafiar
o senso lógico e cultivar o ódio parece ser o seu lema. Enquanto o mundo branda
pela pacificação e soluções coletivas, o presidente da república brasileira
aposta no caos como pauta política e faz da vida das pessoas um mero número e
cálculo de sobrevivência política eleitoral para se viabilizar no poder. Mesmo
que as ruas do Brasil possam ganhar a companhia de urubus, assim como já tem
ocorrido em cidades como Guaiaquil, no Equador.
Reprimir e silenciar quem pensa
diferente é o fetiche do momento para pessoas que somente a psicanálise pode
ajudar. Sim, porque aplaudir quem defende o derramamento de sangue e a tortura
são posturas incivilizatórias intoleráveis.
O coronavírus mundo afora
dizima conceitos estabelecidos de teorias de estados mínimos, mãos invisíveis e
exige um esforço coletivo para termos um estado que implemente políticas
eficientes na contenção dessa pandemia espalhada por todas as línguas, crenças
e lugares.
Enquanto
o confinamento, o isolamento horizontal é defendido nos mais diversos idiomas,
aqui o déspota da irresponsabilidade faz pouco caso das determinações da
Organização Mundial de Saúde (OMS) e se utiliza de aparições em locais públicos
entre os seus lunáticos simpatizantes, numa clara afronta às determinações
científicas. Pessoas, no ópio da bestialização, são capturadas pela roleta
russa do vírus.
Agora
não são mais questões de indícios. São fatos concretos que o leva ao banco dos
réus de crimes praticados contra a humanidade. Toda semana o inominável
presidente brasileiro desafia o coronavírus numa disputa de quem fará mais
vítimas pelo país, ele ou o vírus. Infelizmente está uma disputa acirrada. Os
dois já demonstraram ter uma capacidade de letalidade considerável.
A
legitimidade de ter sido eleito não traz a legitimidade para agir contra a
democracia. A jurisprudência de Hitler não permite relativizar o perigo.
Certamente será menos difícil lutar contra o coronavírus, quando não tivermos
mais de lutar contra Bolsonaro.
*Advogado
[Ilustração: Charge na revista IstoÉ]
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