A destruição
programada da Petrobras
A PETROBRAS cometeu
suicídio ao se concentrar na extração de cru e abandonar o refino e a
distribuição, mas não foi por erro, foi parte do projeto de destruição do
projeto PETROBRAS
André Motta Araújo, Jornal GGN
A
criação da PETROBRAS, em 1953, foi um ato de confronto ao consenso conservador
das chamadas “classes produtoras” do Brasil dos anos 50, lideradas por Eugenio
Gudin, o avô dos neoliberais de hoje. Gudin achava que o Brasil NÃO DEVERIA TER
INDÚSTRIA, coisa para a Bélgica, dizia ele. O Brasil deveria se contentar em
ser exportador de café.
Gudin e a Associação Comercial do Rio de Janeiro representavam o
comércio importador do Rio, a indústria de São Paulo era um estorvo,
atrapalhava os negócios de importação da Praça Mauá, uma ironia, Mauá era a
favor da indústria no Brasil. A alma de Gudin se plasmou na Escola de Economia
da PUC do Rio e na comunidade dos economistas do Rio de Janeiro, com raras
exceções ANTI INDÚSTRIA no Brasil. Há uma marcação sociológica profunda nessa
antinomia entre Rio e São Paulo, que se mantém até hoje.
O
grande debate se travou entre Roberto Simonsen, intelectual e industrial de São
Paulo, e Gudin. Começou no final dos anos 40 e se prolongou pelo início dos
anos 50. Simonsen defendia a industrialização do Brasil contra as ideias
coloniais de Gudin, que depois foi por breve tempo Ministro da Fazenda.
É impressionante
o prolongamento dessa divisão conceitual até nossos dias com um grupo social
carioca contra a existência da PETROBRAS, assim como era Gudin e seu
grupo de apoiadores no Rio.
O DNA anti-PETROBRAS atravessou duas gerações, os adoradores dos
postos da Shell, da antiga Esso, da Texaco, da Gulf, gostavam da gasolina
importada do México através da Mexican Eagle, subsidiária da Shell, tudo vinha
de fora, da gasolina ao óleo lubrificante e, é óbvio, os automóveis e
caminhões, entre esses os da International Harvester, a marca mais reputada no
Brasil de estradas de terra, vinham CKD e eram montados no Brás em São Paulo,
meu pai era um dos que comercializavam.
Para
essa turma do Gudin a fundação da PETROBRAS foi uma derrota inaceitável, um
pecado a se acrescentar aos demais na biografia de Vargas, nunca esqueceram e
não descansarão enquanto não liquidarem a PETROBRAS, a empresa, seu ideal e sua
memória. Agora chegou a oportunidade de destruírem esse legado nacionalista.
UMA
ESTRATÉGIA ENLOUQUECIDA
Se analisarmos as estratégias das 20 maiores petroleiras do
mundo, as quatro primeiras são estatais, depois vem a Shell, a BP, a Chevron,
das 20 maiores 13 são estatais, veremos que a TOTALIDADE, com exceção da
PETROBRAS, concentra seus investimentos no “downstream”, nas atividades
pró-extração de cru, no transporte, refino, distribuição e petroquímica. A
lógica é óbvia: na extração do cru a empresa fica sujeita à extrema
volatilidade do mercado de commodities, o petróleo pode variar de $ 100 dólares
a $20 dólares em curto espaço de tempo, sendo que os custos de extração são
próximos de fixos. Já no “downstream” as margens são mais estáveis e podem ser
altas. A SAUDI ARAMCO está investindo para dobrar sua capacidade de refino, que
será a maior do mundo, 6 milhões de barris dia, a PEMEX está construindo a
maior refinaria da América Latina, em Tabasco, no México. A PETROBRAS tinha a
maior rede de distribuição e o maior parque de refino da América Latina, ESTÁ
SE DESFAZENDO DOS DOIS, a rede de distribuição já foi vendida de forma
disfarçada SEM COBRAR PRÊMIO DE CONTROLE e cedendo o uso das marcas LUBRAX e
PETROBRAS, de graça, sem cobrar nada, o controle da BR
DIISTRIBUIDORA, foi perdido de forma subreptícia em operações de vendas
de lotes na Bolsa de São Paulo, até a PETROBRAS perder o controle,
quem comprou? Não se sabe oficialmente, mas foi o melhor negócio do século,
comprando lotes a preço de varejo o novo controlador ficou com a BR sem pagar o
prêmio universal de controle.
A VENDA DAS
REFINARIAS
O
grupo que se apossou do controle da PETROBRAS agora quer vender as refinarias,
que estão subutilizadas de propósito, a PETROBRAS de hoje prefere importar
combustíveis já refinados a preços de países ricos, enquanto exporta óleo cru
do pré-sal, a preço de países extrativistas, quando poderia refinar no Brasil
gerando riqueza, impostos e empregos no País. Com a queda dos preços do
petróleo cru a 20 dólares, a exploração do pré-sal PARA EXPORTAÇÃO fica
inviável, o custo de extração é de 45 dólares.
A PETROBRAS cometeu suicídio ao se concentrar na extração de cru
e abandonar o refino e a distribuição, mas não foi por erro, foi parte do
projeto de destruição do projeto PETROBRAS, o sonho de Gudin está prestes a se
realizar, a última venda será do prédio sede da PETROBRAS, que tal também
demoli-lo para se esquecer que um dia a PETROBRAS existiu?
Mas o maior ativo da PETROBRAS que será dado na bandeja é o 2º maior
mercado mundial de gasolina e diesel que é dominado pela PETROBRAS. Mercado é
VALOR, o domínio de um mercado é um valor por si só tanto que, quando uma
empresa é vendida, parte substancial do valor da venda, senão o maior, é a
fatia do mercado que a transação transfere, a PETROBRAS é dona do mercado
brasileiro que o grupo liquidante pretende entregar de graça para quem se
apresentar bem vestido.
A
ESCOLHA DOS LÍDERES DO PROJETO GUDIN
Os escolhidos para liquidar com a PETROBRAS foram selecionados a
dedo, Pedro Parente começou a obra, depois um grupo que veio da Universidade de
Chicago, escola onde EMPRESA ESTATAL é palavrão impronunciável. O grupo tem a
tarefa de demolição como um projeto de vida, aquela que foi um das 20 maiores
petroleiras do mundo será então um capítulo de livro de história, será lembrada
como a maior obra do atual governo, tarefa nada simples, mas realizada com
obstinação.
Nenhum deles
entende nada de petróleo, ao contrário dos CEOs e equipes que dirigem as outras
19 maiores petroleiras do mundo, todos veteranos do setor, alguns com mais de
30 anos na área antes de chegar ao topo. O petróleo é um setor ALTAMENTE
ESPECIALIZADO, que exige profundos conhecimentos técnicos. Já os que foram
escolhidos para liquidar com a PETROBRAS nunca entenderam nada de petróleo, são
homens de finanças e de bolsa, não de indústria e de produção.
Essa
prática se iniciou no governo FHC, que tinha o mesmo projeto mas sem condições
políticas de leva-lo adiante, entregou a PETROBRAS a completos estranhos ao setor,
como Henri Reichstul e Francisco Gros, ambos de bancos de investimentos, ai já
começou a trajetória de liquidação, com a submissão da PETROBRAS à jurisdição
americana pela venda de ações nos EUA, sem qualquer vantagem para o Brasil, uma
espécie de prévia do desmonte da empresa.
A trajetória da PETROBRAS definirá o futuro do Brasil, como
potência ou como colônia, como um projeto de Nação ou de simples plataforma de
negócios.
Se inscreva, fique sabendo https://bit.ly/2UXOmrV
Leia mais https://bit.ly/2Jl5xwF
Nenhum comentário:
Postar um comentário