Apelo aos psiquiatras
Ricardo Leitão, Jornalista
Ricardo Leitão, Jornalista
Ao longo de 27 obscuros anos na Câmara dos Deputados, Jair Bolsonaro se destacou apenas como um defensor da então raquítica extrema direita. Seu único momento de glória se deu quando, ao apoiar o impeachment da Presidente Dilma Rousseff, dedicou seu voto ao Coronel Carlos Alberto Brilhante Ulstra, emérito torturador na ditadura militar. Militante da esquerda que pegou em armas contra o Golpe de 1964, Dilma Rousseff foi presa e torturada.
Passadas
décadas, imaginaram mulheres e homens de bons sentimentos que Bolsonaro deixara
os tempos de horror para trás. Perigoso engano. Empoleirado na caçamba de uma
caminhonete, no portão do Quartel General do Exército, em Brasília, há poucos
dias o capitão retornou aos saudosos tempos. Alardeou que não iria “negociar nada”, açulando a horda que ululava, pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo
Tribunal Federal e a volta do AI-5. Vestiam camisas pretas, a cor do fascismo.
Saudada por gestos de Bolsonaro a horda atentava ostensivamente contra a
Constituição e o Estado Democrático de Direito, diante da omissão e do
testemunho do Presidente da República.
Durante a
radicalizada campanha presidencial passada não foram poucos os alertas sobre o
comportamento violento de Jair Bolsonaro. Vitorioso, ele fez do autoritarismo
método de governo. Exemplo em vigência é a tentativa de exigir o fim do
isolamento social durante a pandemia da covid 19, desmoralizando as orientações
médicas e indiferente ao risco de milhares de pessoas adoecerem e morrerem.
Como de
hábito, sua permanente postura arbitrária mais uma vez motivou protestos
veementes das instituições democráticas, que se levantaram contra os fantasmas
que ele tão bem representa. Contudo não basta, diante da ameaça crescente que
Bolsonaro se tornou para a estabilidade do País. A propósito, apenas um ponto
para reflexão: errático no enfrentamento da pandemia, teria ele condições de
liderar o Brasil durante a profunda e inevitável recessão econômica que se
aproxima?
Tal
reflexão é fundamental. Ultrapassa o campo político e se insere no campo da
medicina. Necessário, portanto esclarecer, e com urgência, se o Presidente da
República é mentalmente capaz de presidir. Ao que parece, ele não é louco.
Segundo os manuais, seu comportamento se encaixaria em outra categoria, a dos
psicopatas. Entrevistado pela jornalista Ruth de Aquino, disse o psicanalista e
psiquiatra Joel Birman: “A psicopatia não é uma loucura no sentido clássico,
mas uma insanidade moral, um desvio de caráter de quem não tem como se
retificar, porque não sente culpa nem remorso”. Estamos sendo governados por um
psicopata?
Temos o
incontestável e intransferível direito de saber. O mandato do Vosso Presidente
ainda se estenderá por dois anos e meio. Até 31 de dezembro de 2022 muitos
fatos e tantos surtos podem acontecer. Cercado por um núcleo duro de radicais
perigosos, vocalizando delírios persecutórios, insultando a Imprensa e tutelado
por grupos militares, Bolsonaro arrisca implodir. O que daí vai sobrar é uma
incógnita.
Os
brasileiros que votaram a favor e contra ele precisam saber antecipadamente a
respeito do poço profundo em que pode mergulhar a mente conturbada do capitão.
Um direito democrático de todos, a ser exercido em nome de um compromisso
coletivo com o futuro do País.
É dever
colocar essa questão na rua, transformá-la em estudo de caso, debatê-la nas
rodas acadêmicas. Haverá confrontação de argumentos, o que é muito bom, melhor
ainda para o Brasil.
Liderar
este debate impõem-se como tarefa dos psiquiatras. É o apelo que fica.
Saiba mais https://bit.ly/2ySRLkm
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