04 maio 2020

Entretenimento e consciência


Será mesmo alienação?
Pedro Caldas

Terminou no início da semana a vigésima edição do Big Brother Brasil, talvez a mais vitoriosa por marcar um retorno grande de audiência (além de algumas centenas de milhões em patrocínio) que vinha dissolvendo nas últimas edições. A estratégia de marketing por trás do programa é um bom estudo para quem gosta de comunicação (sobretudo a digital), mas não é sobre isso que quero falar.

Ao longo do programa muita gente de esquerda que assistia foi taxado preconceituosamente de “alienado”, como acontece sempre com os que consomem e se envolvem profundamente com entretenimento.

Vivemos na era da comunicação e isso não é novidade. Informação e entretenimento estão por toda parte, não temos como escapar (e nem devemos). Devemos mesmo é aprender a consumir de maneira saudável, principalmente no meio de uma pandemia, onde uma parte grande de nós está (ou deveria estar) em casa. O que quero dizer com isso? Passar o dia vendo as besteiras de Bolsonaro e os mortos por Covid-19 não faz bem, como não faz bem passar o dia vendo quem deixou de tomar banho em uma casa cenográfica no Rio de Janeiro.

Faz muito tempo que temos entretenimento, isso faz parte de quem somos e de como vivemos. Mais recentemente ele passou a ter cada vez mais espaço em nossas vidas, espetacularizadas com as redes sociais e novas mídias. Muito mais do que uma forma de passar o tempo, pode ser uma forma de aprender, se comunicar, de se inserir em um grupo. Inclusive, em tempos de isolamento social, assistir uma série ou ver um canal no youtube tem sido a saída para muita gente não enlouquecer.

Quem tem consciência social não vai deixar de ter porque assistiu uma programa de televisão, muito menos isso deve ser motivo de tirar a credibilidade de alguma pessoa.

Precisamos falar a linguagem do povo, “furar a bolha” criando alternativas para esse entretenimento que adiciona muito pouco à vida de alguém. A “diversão levada a sério” que Chico Science defendia precisa existir porque a “diversão” já existe e politicamente damos pouco valor para ela.


Pedro Caldas é Secretário de Comunicação da UJS Recife, estudante de Rádio, TV e Internet na UFPE e integrante do Coletivo Nacional de Comunicação da UJS

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