20 maio 2020

Luta, esperança e afeto


Carta de esperança e solidariedade
“Ao escrever esta carta, sonho que estou ao lado da pessoa que está lendo e que eu a abraço, conforto e digo: venceremos o negacionismo, o obscurantismo, o autoritarismo e, ao final, hastearemos a bandeira brasileira, na qual cabem todas as cores, todas as ideia e todo nosso amor.”
Portal Vermelho

Ao se despedir da Secretaria da Mulher da Prefeitura do Recife, a poeta, feminista, amante da natureza, militante da cultura e advogada dos trabalhadores e de defesa dos direitos humanos divulgou uma carta em que anuncia sua pré-candidatura à vereadora da capital pernambucana.
Cida Pedrosa, que tem uma trajetória de militante e poeta inspirada e inspiradora, conclama à esperança, aos gestos solidários e à defesa da democracia. Anuncia seu engajamento em mais uma tarefa árdua, mas “necessária para que possamos juntas e juntos conversar sobre os problemas do País, que são os problemas da cidade, que são os problemas das pessoas, que são os problemas que afligem nossas casas”.
A leitura da carta de Cida é um convite a renovar o “esperançamento”, sob a inspiração dos que vivem estes tempos difíceis da mais grave crise política e econômica do país, dos que cuidam das vítimas da crise sanitária com profunda abnegação, dos que trabalham em meio a tantas dificuldades para garantir o pão e dos que buscam um mundo melhor para todas e todos.
Leia Cida, e inspire-se
Recife, 13 de maio de 2020,
Enquanto escrevo esta carta, muitas pessoas sofrem ou morrem em virtude da Covid-19 e o Brasil vivencia sua mais grave crise política e econômica, sem ter um timoneiro que nos guie rumo ao esperançamento.
Enquanto escrevo esta carta, sei de notícias do suicídio de um artista octogenário que se despede da vida por não ver nela rastros de humanidade e sei pela TV que a Secretária Nacional de Cultura não se solidariza com esta dor e ainda ironiza os que defendem a liberdade e sofreram e sofrem com o nefasto legado da ditatura que torturou e matou muitas mulheres e homens. E, ainda, sem pudor algum, não explica o motivo da não execução do orçamento da sua pasta, que pode vir a socorrer os fazedores de cultura que se encontram à mingua em virtude da crise sanitária.
Enquanto escrevo esta carta, leio notícias boas sobre o aparecimento inusitado de um cardume de sardinhas nos mares de Pernambuco e sobre o acasalamento de Pandas nas terras da China, que há muito não cruzavam para perpetuar a espécie.
Enquanto escrevo esta carta, penso no quanto, propositadamente, a política foi sendo desacreditada para que as pessoas acreditassem em falsos messias e desistissem do sonho da democracia, da soberania nacional e da construção de uma nação justa, inclusiva, respeitosa com a diversidade e intransigente com as desigualdades sociais.
Enquanto escrevo esta carta, penso no quanto minha vida tem sido posta de cabeça para baixo em prol da luta e do quanto minha existência se entrelaça com a busca do bem viver e de um mundo melhor para todas e todos.
Enquanto escrevo esta carta, penso em como dizer para todas e todos que, novamente, meu partido o PCdoB, me confia a tarefa de ser pré-candidata a vereadora da cidade do Recife nas eleições de 2020.
Enquanto escrevo esta carta me dou conta do quanto esta tarefa é árdua, mas o quanto ela é necessária para que possamos juntas e juntos conversar sobre os problemas do País, que são os problemas da cidade, que são os problemas das pessoas, que são os problemas que afligem nossas casas.
Enquanto escrevo esta carta muitas crianças nascem e meu coração se enche de poesia, a luz é posta na noite, o mundo se refaz e eu me encorajo para dizer a vocês que, apesar de tudo, isso tudo vai passar e precisamos juntas e juntos pensar no futuro do Recife, de Pernambuco, do Brasil e do Mundo.
A o escrever esta carta tenho certeza que a democracia representativa ainda é uma carta de alforria e, assim, mesmo diante de toda a dor, todas as incertezas, coloco meu nome de poeta, feminista, amante da natureza e militante da cultura como pré-candidata a vereadora do Recife por acreditar que este é um gesto de cidadania e uma possibilidade para pensarmos juntas e juntos um novo amanhecer.
Ao escrever esta carta, sonho que estou ao lado da pessoa que está lendo e que eu a abraço, conforto e digo: também tenho medo, também tenho dúvidas, choro na madrugada, mas também esperanço, acredito no poder do povo e luto para juntas e juntos construirmos uma Frente Ampla de Salvação Nacional, que começa por cada um, por cada comunidade, por cada bairro, por cada cidade, por cada Estado e que assim venceremos o negacionismo, o obscurantismo, o autoritarismo e, ao final, hastearemos a bandeira brasileira, na qual cabem todas as cores, todas as ideia e todo nosso amor.
Aos que estão longe do meu abraço, recebam o meu afeto e minha solidariedade.
[Ilustração:Hélvio Polito Lopes Filho]

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