Imperial
College fala em transmissão sem controle
Valor Econômico
O Imperial College, instituição britânica com foco
em ciência, engenharia e medicina, divulgou estimativas preocupantes em relação
ao coronavírus no Brasil.
A taxa de contágio (Rt), que indica para quantas
pessoas em média cada infectado transmite a covid-19, foi calculada em 1,3.
Qualquer número acima de 1 indica que a transmissão está fora de controle. Além
disso, o centro de epidemiologia da universidade, referência no acompanhamento
de doenças transmissíveis, calcula que 6.980 mortes ocorram nesta semana,
variando de 5.850 a 8.070. O número estimado é o maior entre os 54 países com
transmissão de coronavírus ativa (ao menos cem mortes registradas desde o
começo da pandemia e pelo menos dez mortes nas últimas duas semanas).
Em pesquisa apoiada pela Fapesp, a equipe do Imperial College ainda analisou os
cinco Estados do Brasil com o maior número de mortes. A estimativa é a de que
os níveis de infecção populacional variam de 3,3% em São Paulo a 10,6% no
Amazonas. Swapnil Mishra, da Escola de Saúde Pública, disse que a análise
“mostra claramente que medidas governamentais brasileiras afetaram a redução” da
transmissão. “No entanto, ao mesmo tempo, vemos que a epidemia ainda não está
sob controle no Brasil e está se espalhando. Esperamos que, com mais medidas em
vigor, o Brasil possa conter a disseminação da pandemia.”
Um estudo anterior do Imperial College sobre o
País, publicado no dia 8, estimou à época que o chamado número de reprodução já
estava acima de 1 em 16 Estados analisados, o que significava que cada pessoa
infectada estava transmitindo a doença para mais de uma, o que fazia com que o
número de casos novos fosse sempre maior. Os autores alertaram que era preciso
tomar medidas mais dramáticas. O lockdown (bloqueio total) começou a ser
recomendado na época por vários pesquisadores, enquanto o governo federal
desejava afrouxar mais as medidas de isolamento social.
“O número de casos está dobrando, em média, a cada
12 dias. Em dois meses, nesse ritmo, vai crescer 30 vezes”, disse nesta semana
ao Estadão o matemático Renato Pedrosa, professor do Instituto de Geociências
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que trabalha com modelagens da
expansão da doença. O pesquisador também destacou a possibilidade de superar os
Estados Unidos em casos diários. “Não temos política coesa do governo federal
com Estados e municípios, cada um faz uma coisa diferente. A situação pode sair
do controle completamente.”
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