16 maio 2020

Vida digital


redes sociais, lado b
Melka Pinto

Estudando alguns meses pra um concurso, vi que todos os textos usados nas provas de português só falam sobre como andam as nossas relações, sim, as nossas, inclusive minha e sua que está lendo isso aqui. Na verdade fala de mais algumas coisas também que se relacionam de alguma forma, como as exigências que a gente enfrenta diariamente pra alcançar e ser sei lá o que, como a saúde mental das pessoas. Se misturar tudo, dá um bolo só. Os textos estão falando sobre isso, porque são os problemas que mais nos assolam e nos engolem. Eu gostaria de falar de tudo isso, e se tiver tempo para poesia e a escrita, me dedico depois a refletir sobre com vocês, mas queria redigir agora algumas linhas sobre as redes sociais digitais especificamente.

Por duas vezes decidi me desconectar do Instagram, Facebook e da última vez, exclui meu WhatsApp também. Eu queria compartilhar o sentimento de liberdade que dá. Eu pelo menos dedico sempre, quando estou inserida nas redes, alguma energia importante, gosto de gerar algum conteúdo sobre as questões que defendo enquanto militante, interajo com muita gente querida, participo de grupos de amigos, família, trabalho e isso exige tempo, energia mental, e eu só me dou conta disso quando me desprendo, de como fico mais leve, produtiva e não deixo de estar disponível, basta que me procurem através de uma simples ligação telefônica.

As pessoas dão muita vida as redes sociais digitais, acaba que elas se tornam uma extensão da gente, nossas contas no Facebook e Instagram representam quem você é, pelo menos essa é a ideia que as pessoas fazem disso e isso deixa algum peso de alguma forma, onde talvez haja quem queira usar apenas pra entretenimento, mas vira conta profissional, canal de militância política, de aproximação dos afetos, fora que muita gente deixa de viver a vida real em detrimento da vida digital, quantas mesas de bar podemos observar todo mundo vidrado na tela do celular e quase não conversam entre si? (talvez seja mais um legado da pandemia) há controvérsias, feitas inclusive por mim aqui, mas não podemos negar a importância da inserção nas redes na vida de cada uma das pessoas.

E minha opinião é que embora seja importante, se desligar de tudo isso, mesmo que às vezes ou por curtos períodos ajuda a preservar a nossa saúde mental, a descansar um pouco, principalmente do WhatsApp, porque é o canal de comunicação instantâneo e que gera uma expectativa nas pessoas de imediatismo. Mandam mensagem, esperam que você responda imediatamente, mas não querem que você ligue pra resolver, seja uma questão irrelevante, seja algo muito importante, porque as pessoas não se ligam mais, e ainda tem a questão da forma escrita, que abre diversas interpretações de entonação, então pra questões delicadas sempre exige algum cuidado ao mandar mensagem de texto por lá, como falei, muita energia mental, cansa muito.

Foi engraçado estar sem ele por uns meses, as pessoas não sabem mais fazer uma simples ligação, me perguntaram "e como vou falar contigo?". Pois é, desaprendemos a nos telefonar, mas sempre estive disponível caso me ligassem e foi prazeroso receber ligações de amigas e passar mais de 40 minutos seguido falando besteira, ou resolver algum problema de trabalho com mais agilidade, porque o que você resolve numa ligação em 2 minutos, em troca de mensagens leva muito mais tempo, cansa mais.

Eu trabalhei com uma pessoa que não tem celular, e achava sensacional tamanho desapego, só que refleti também que não deixa de ser um privilégio poder abrir mão de um celular, contas no Instagram, Facebook e WhatsApp, nem todo mundo pode, mas acredito que se a gente souber dosar essas disponibilidades e usar de forma oportuna, como reaprender a fazer ligações pra questões importantes, vamos poupar cansaço físico, mental, desgastes pessoais.

Fique sabendo https://bit.ly/2Yt4W6l

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