A falta
que uma rede pública de comunicação faz
Pedro Caldas*
A cada novo capítulo da disputa política no Brasil, a chamada “grande mídia” torna-se aliada ou inimiga do chamado “progressismo”. Alguns inocentes vão dizer que a mídia não tem lado, por isso a oscilação, mas isso é história para boi dormir.
A grande mídia tem lado e quando a esquerda assume os governos isso fica claro em um instante. Quem estuda ou já estudou sobre o assunto sabe que cinco famílias (Marinho, Saad, Macêdo, Frias e Sirotsky) comandam pelo menos 25 dos 50 principais veículos de comunicação do país. É muito poder em poucas mãos. E essa turma tem uma ideologia clara: antes de tudo são economicamente liberais.
Em temas como a (de)reforma da previdência (e mais recentemente a privatização da água e do saneamento) a mídia se abraça com governo o que deixa muito esquerdista sem entender nada. “Mas a Globo não tava contra Bolsonaro”? Pode até ser que sim, mas ela tá sempre junto com o “mercado” e a política neoliberal de venda do Brasil.
Vale notar que quando o governo anuncia qualquer reforma, ela vem acompanhada com números astronômicos. “A privatização do saneamento vai gerar 700 bilhões em investimentos”, “a reforma trabalhista vai gerar x milhões de empregos”. Números extremamente otimistas e que a mídia nos vende como reais, sem nenhum contraponto.
Anos depois, mesmo com o estrago feito e os resultados bem distantes das projeções qualquer “jornalista de economia” defenderá a ação feita no passado e vai até usar como exemplo para as próximas medidas.
(Só me lembro de Delfim Netto quando disse que o jornalista de economia não é nem um, nem outro).
A gente não deve se enganar. Precisamos explorar as contradições entre esses gigantes da mídia e o Governo Bolsonaro, mas passada essa tempestade, cada um seguirá para o seu lado. Por isso, a democratização da mídia precisa estar no projeto de desenvolvimento para o Brasil ou então a mídia que criou Jânio, Collor e Bolsonaro voltará a promover figuras tortas e incapazes de cuidar do Brasil.
Enquanto escrevo sobre isso só penso na falta que uma rede pública de comunicação, gerida democraticamente e com financiamento faz. Um espaço para se debater o país, como acontece no Reino Unido com a sua BBC. O mais perto que chegamos disso foi entre 2014 e 2016 quando Dilma criou grandes editais para o audiovisual brasileiro e equipou a assassinada EBC. Espero viver para ver...
Pedro Caldas é Secretário de Comunicação da UJS Recife, estudante de Rádio, TV e Internet na UFPE e integrante do Coletivo Nacional de Comunicação da UJS
A cada novo capítulo da disputa política no Brasil, a chamada “grande mídia” torna-se aliada ou inimiga do chamado “progressismo”. Alguns inocentes vão dizer que a mídia não tem lado, por isso a oscilação, mas isso é história para boi dormir.
A grande mídia tem lado e quando a esquerda assume os governos isso fica claro em um instante. Quem estuda ou já estudou sobre o assunto sabe que cinco famílias (Marinho, Saad, Macêdo, Frias e Sirotsky) comandam pelo menos 25 dos 50 principais veículos de comunicação do país. É muito poder em poucas mãos. E essa turma tem uma ideologia clara: antes de tudo são economicamente liberais.
Em temas como a (de)reforma da previdência (e mais recentemente a privatização da água e do saneamento) a mídia se abraça com governo o que deixa muito esquerdista sem entender nada. “Mas a Globo não tava contra Bolsonaro”? Pode até ser que sim, mas ela tá sempre junto com o “mercado” e a política neoliberal de venda do Brasil.
Vale notar que quando o governo anuncia qualquer reforma, ela vem acompanhada com números astronômicos. “A privatização do saneamento vai gerar 700 bilhões em investimentos”, “a reforma trabalhista vai gerar x milhões de empregos”. Números extremamente otimistas e que a mídia nos vende como reais, sem nenhum contraponto.
Anos depois, mesmo com o estrago feito e os resultados bem distantes das projeções qualquer “jornalista de economia” defenderá a ação feita no passado e vai até usar como exemplo para as próximas medidas.
(Só me lembro de Delfim Netto quando disse que o jornalista de economia não é nem um, nem outro).
A gente não deve se enganar. Precisamos explorar as contradições entre esses gigantes da mídia e o Governo Bolsonaro, mas passada essa tempestade, cada um seguirá para o seu lado. Por isso, a democratização da mídia precisa estar no projeto de desenvolvimento para o Brasil ou então a mídia que criou Jânio, Collor e Bolsonaro voltará a promover figuras tortas e incapazes de cuidar do Brasil.
Enquanto escrevo sobre isso só penso na falta que uma rede pública de comunicação, gerida democraticamente e com financiamento faz. Um espaço para se debater o país, como acontece no Reino Unido com a sua BBC. O mais perto que chegamos disso foi entre 2014 e 2016 quando Dilma criou grandes editais para o audiovisual brasileiro e equipou a assassinada EBC. Espero viver para ver...
Pedro Caldas é Secretário de Comunicação da UJS Recife, estudante de Rádio, TV e Internet na UFPE e integrante do Coletivo Nacional de Comunicação da UJS
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