01 junho 2020

Palavra de poeta


Desassossego
Chico de Assis

Eu componho um poema
que fala do amor e da guerra
e que erra nas cercanias
de um verso duro

como o solo caustico
da massa sem refúgio
em marcha tresloucada
de deslizes à procura

de raízes profundas
que se finquem no chão
movediço da desesperança.

Eu componho um poema
que fala da tristeza
de ser sem pertencer
a nada

de amar sem ser amado
em tudo e que se esmaga no muro
que separa raças
discrimina sexos
impede abraços
denigre idades
transforma tudo
em dor q resseca
ao clarào q um dia
se chamou humanidade.

Eu trabalho meu poema
sem pena do que ficou
lá atrás
sem medo do q virá
lá em frente
sem crença no que está
cá presente.

Eu extraio meu poema
da força em aclive
que nos fortes sobrevive

[Ilustração: Pablo Picasso]

8 comentários:

  1. A resistência pelas artes:falada escrita,pintada musicada,vivida com emocao.Vcs fazem bem a minha alma.
    Obrigada.Enquanto não podemos ir para as ruas,como sempre fizemos, apesar dos fuzis e cavalaria e q nos esperavam

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  2. Parabéns pelo belo poema, Chico de Assis, que, por imensa e grata satisfação, também é meu tio! Como sempre, palavras que vêm da sua alma! Apesar do "chão movediço da desesperança", ainda há "raízes profundas" pelas quais se pode extrair "força em aclive", como refletido no poema acima!

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  3. Poema simplesmente divino

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  4. Lindo poema👏👏👏👏👏👏👣

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  5. Parabéns, Chico. Seus poemas floreiam a secura dos momentos que vivemos. Cada poema um oásis.

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  6. Judite A da Silva3:43 PM

    O poema Desassossego, me trouxe ao momento em que vivemos, de pandemia, cheio de incertezas.

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  7. Anônimo5:45 PM

    Poesia pura poesia pura poesia

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  8. Luzia de Badé5:06 AM

    Acompanho a poesia do Chico há muito...parabéns pelo Desassossego.

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