Os crimes
ambientais do bolsonarismo
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A grave confissão do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles,
na fatídica reunião ministerial de 22 de abril recheada de insultos e
palavrões, mostra seus resultados. Na ocasião, ele mencionou a tática de
aproveitar a pandemia para passar a boiada e mudar todo o regramento para
simplificar as normas que regem a preservação ambiental, exatamente para
facilitar a prática de crimes ambientais.
Na prática, Salles estava
dizendo que o governo deveria facilitar ações nefastas como a grilagem de
terras públicas e ocupação irregular de áreas de preservação. Já no ano passado
a devastação ambiental provocou forte condenação nos planos nacional e
internacional. Vários países até cortaram doações para fundos de
desenvolvimento e proteção da Amazônia. Neste ano, os dados indicam que as
queimadas são ainda maiores.
Agora, sete grandes empresas de
investimento europeias disseram à agência de notícias Reuters que vão deixar de
investir em produtores de carne, operadoras de grãos e até em títulos do
governo do Brasil se não virem progresso rumo a uma solução para a destruição
crescente da floresta amazônica. São investidores com mais de US$ 2 trilhões em
ativos administrados.
Ou seja: a nova devastação da Amazônia expõe o país à retaliação
econômica internacional, degradando ainda mais sua imagem. E agrava as
condições econômicas do país, em meio ao prenúncio de uma severa recessão. Tudo
isso em nome de uma pretensa autonomia sobre a região, que na verdade não passa
de política deliberada de estímulo a ações de foras da lei que promovem a
destruição ambiental.
É claro que a soberania
nacional sobre a Amazônia brasileira não deve ser negociada sob nenhuma
hipótese. Mas no caso em tela não é disso que se trata. Ao incentivar a
devastação criminosa da floresta, Bolsonaro fragiliza o país na arena
internacional e o expõe a investidas de cunho imperialista, camufladas com
discurso ambiental.
Bolsonaro tem insistido na tese
de que o Brasil precisa consolidar a sua fronteira agrícola, uma confissão de
que o meio ambiente é secundário nessa relação. É uma falsa dicotomia, mesmo
desconsiderando a tentativa do ministro Salles de dar boa vida aos que praticam
crimes ambientais, como se não restasse alternativa senão destruir o meio
ambiente para produzir alimentos.
É a falsa contradição entre preservação ambiental e a produção
agrícola em larga escala, que ainda hoje fomenta o discurso vil de governantes
como Bolsonaro e Salles. O Brasil possui totais condições de realizar um
desenvolvimento econômico pujante e compatível com a preservação ambiental. E
precisa cumprir a determinação legal de que a floresta não é lugar de
criminosos ambientais.
Na Amazônia, 23% da floresta em
terras públicas não destinadas são registradas ilegalmente como propriedades
privadas, segundo levantamento do Instituto Pesquisa Amazônia (Ipam) e do
Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da Universidade Federal do Pará
(UFPA). O percentual representa 11,6 milhões de hectares de florestas públicas
“tomadas” ao longo de 21 anos (1997-2018). Ao todo, a Amazônia tem 49,8 milhões
de hectares de florestas sem destinação.
Por conta da conivência
bolsonarista, a floresta está a cada dia mais vilipendiada. É a repetição do
desenvolvimentismo néscio dos anos de ditadura militar, que enxergava na
Amazônia uma enorme seara para ser ocupada desordenadamente. Nos anos 1970 e
1980, o regime empurrou muitas vítimas da concentração de terra para aquela
região.
Junto com elas foram muitos aventureiros que viram nesse gesto
dos governos militares a oportunidade de expandir suas fronteiras
latifundiárias para o norte do país — cortando árvores e destruindo
ecossistemas mais antigos do que a própria humanidade. Aquele quadro foi de
certa forma corrigido com leis e diretrizes administrativas, que agora o
governo Bolsonaro, como disse o ministro Salles, quer revogar.
O governo Bolsonaro é um
desastre de a ponta a ponta: mais 50 mil mortes pela Covid-19, recessão
econômica prevista em 8%, crise política e institucional e, como se expôs, é
irresponsável, negligente, criminoso também na proteção e defesa do meio
ambiente.
Em ambiente de crise a luta segue https://bit.ly/3fd2YMs
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