27 julho 2020

Trajetória de rupturas


Tereza, resistência e amor à vida, à liberdade e à arte
"...sou Tereza Costa Rêgo, ou simplesmente, Tereza. Tenho a certeza de que devo à camarada Joana a construção da mulher que sou hoje..."

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) em Pernambuco lamenta profundamente o falecimento de Tereza Costa Rêgo ao mesmo tempo em que se solidariza com seus familiares e amigos. Tereza, uma das mais renomadas artistas plásticas do Brasil, deixa um enorme vazio por sua vibrante produção artística e por suas inúmeras qualidades como ser humano, profissional e militante comunista.


Filha de uma família tradicional da aristocracia pernambucana, Tereza teve uma educação bastante rígida e repressora. Mas através da arte expressava seus sentimentos e começou a pintar ainda criança, ingressando na Escola de Belas Artes com apenas 15 anos. Nesse ambiente tradicional, casou e teve duas filhas: Maria Tereza e Laura Francisca. Durante este período se dedicou quase que exclusivamente à pintura o que fez com que fosse contemplada com três prêmios do Museu do Estado e outro da Sociedade de Arte Moderna. Em 1962, realizou a primeira grande exposição na Editora Nacional.

No mesmo ano, Tereza envolveu-se com Diógenes Arruda, dirigente do Partido Comunista do Brasil. Começou um romance arrebatador, que a levou a fugir da cidade, deixando para trás o casamento. Aproveitou o tempo fora do Recife para se dedicar à arte e aos estudos, formando-se em História na USP. Depois de formada, passou a dar aulas da matéria para vestibulandos e a trabalhar como paisagista em um escritório de planejamento.

Em São Paulo, devido à ditadura militar instalada em 1964, passou a viver, amar e resistir na clandestinidade com o nome de Joana. Em 1969 experimentou mais duras provações com a prisão de seu companheiro. Em 1972, quando Arruda foi libertado, o casal seguiu exilado para o Chile. Entretanto, não tardou a chegada do golpe, que obrigou Diógenes, novamente, a se mudar. Tereza e seu companheiro foram para Paris, onde passaram seis anos. Afastada das filhas, dos irmãos, a artista abandonou um pouco a própria vida, para ser a mulher do líder comunista. Mas, em momento algum parou de pintar. Expôs seus quadros, assinando com o nome de Joanna. Fez doutorado em História, na Escola de Altos Estudos da Sorbonne, na França, escolhendo a história do proletariado brasileiro como tema para sua tese.

De volta ao Brasil, em 1979, Tereza sonhava em reconstruir sua vida. Mas, depois de tantas tristezas, torturas, exilado de seu próprio país, Diógenes não resistiu à chegada ao Brasil e morreu de ataque cardíaco. A perda abrupta de seu grande amor, Diógenes, arrasou-a emocionalmente, mas não retirou sua vontade de viver. Tereza se levantou e decidiu dar novo rumo à sua vida.

Voltou para Pernambuco e firmou-se como artista plástica de destaque. Comprou uma casa em Olinda, onde morava e pintava. Fez mestrado em História na UFPE e começou a trabalhar na Prefeitura de Olinda. Foi diretora do Museu Regional e, por 12 anos, do Museu do Estado de Pernambuco. São Paulo, Rio de Janeiro, Lisboa, Paris, Cuba entre outras cidades foram cenário para as exposições da artista que escolheu o Museu do Estado de Pernambuco como local para comemorar seus 80 anos de vida e arte.

Tereza Costa Rêgo, revolucionária que deixa saudades e marcas de amor e luta em nossos corações vermelhos, presente!

Recife, 26 de julho de 2020
Marcelino Granja de Menezes
Presidente do Comitê Estadual do PCdoB-PE

A luta e o afeto dão cor à vida https://bit.ly/3eQE5WQ

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