29 agosto 2020

Defender ou atacar?


No Brasil há muito medo de perder a bola perto do gol ou de subir a marcação
Pedido de Messi para deixar Barça é surpreendente, mas não é inacreditável
Tostão, Folha de S. Paulo


A justa conquista do título europeu pelo Bayern já foi contada por mil vezes, em prosas e versos, pela imprensa esportiva brasileira e mundial. Como a sociedade do espetáculo é apressada, o assunto já morreu, mas quero também dar minha opinião.
Era o resultado mais previsível. Na competição, enquanto o Bayern goleou Chelsea, Tottenham e Barcelona, o PSG tinha vencido apenas equipes que não estão entre as mais festejadas do mundo (Borussia Dortmund, Atalanta e Leipzig).
vitória do Bayern é também a da seriedade profissional, do planejamento, da organização e do dinheiro bem gasto. Como escreveu Renata Mendonça, colunista da Folha, o Bayern tem no banco de reservas uma mulher, a gerente Kathleen Krüger, que cuida de toda a logística do time. O Bayern não é um clube somente de marmanjos
Os craques da partida não foram Neymar, Mbappé nem Lewandowski, e sim Neuer, Kimmich e Thiago Alcântara. O goleiro Neuer parece um gigantesco polvo, com dezenas de pernas e braços. O lateral Kimmich apoiava pelo lado, pelo meio, pela meia direita, de onde deu o passe para o gol de Coman, e ainda voltava rápido, para marcar, com eficiência, Mbappé ou Neymar, que se revezavam pela esquerda.
É o herdeiro de Lahm, excepcional na defesa e no ataque.
Thiago Alcântara, brasileiro, nascido na Itália e naturalizado espanhol, marca e inicia as jogadas ofensivas, com passes precisos, bonitos e elegantes. Une a técnica com a seriedade e a leveza de que quem atua em uma decisão de disputa de título como se fosse em uma pelada de fim de semana.
Thiago Alcântara trata a bola com tanto carinho, que ela, agradecida, o procura para beijar seus pés. Seria titular da seleção brasileira, ao lado de Casemiro, ou uma opção para substituí-lo.
Se Thiago Alcântara tivesse sido formado nas categorias de base de algum grande clube brasileiro, provavelmente, por causa de sua habilidade e fantasia, o escalariam de meia-atacante, para entrar na área.
Na decisão, como acontece na maioria das principais partidas da Europa, houve um confronto estratégico. De um lado, um time tentando sair com a bola, trocando passes, desde o goleiro, enquanto o adversário tentava pressionar, para tentar recuperar a bola perto do gol.
Com frequência, mudam os lados, e quem pressiona passa a ser pressionado. Fica emocionante, bonito. São posturas que precisam evoluir. No Brasil, isso começou a ser feito, timidamente. Os técnicos e os jogadores ainda morrem de medo dos riscos de perder a bola perto do gol ou de avançar a marcação e deixar espaços na defesa, ainda mais que, no Brasil, os setores ficam espaçados, com os zagueiros colados à grande área.
Quando não dá para trocar passes, a solução é o chutão. Nenhum jogador, nem os craques, deve ter medo de fazer isso. Faz parte do jogo.

MESSI QUER SAIR

Segundo noticiário, Messi comunicou ao Barcelona que quer sair. É surpreendente, mas não é inacreditável.
Cristiano Ronaldo também saiu do Real Madrid. O Barcelona teria avisado, oficialmente, que não quer que ele saia, para manter o contrato até o fim.
Será que ele já conversou com Guardiola, para jogar no Manchester City, ou prefere o PSG, com saudades de Neymar?
O importante é que ele não pare agora. Seria um grande vazio.
Imagino que Messi só queira encerrar a carreira após a Copa do Mundo de 2022, com o sonho de ser campeão do mundo.
Poesia em tempo de resistência https://bit.ly/2YxgGUL

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