Programa ajudou imagem do presidente, diz Moreira
Transcrevo do Valor Econômico essa notícia como dado
de realidade, sem aprofundar a análise.
O programa de auxílio emergencial de
R$ 600 contribuiu para aprovação recorde de 37% do presidente Jair Bolsonaro
(sem partido) reportada na última pesquisa Datafolha, juntamente com queda
expressiva de 44% para 34% na rejeição, segundo Eduardo Moreira, empresário e
criador do movimento #somos70porcento.
Ele destaca que o aumento de
popularidade e queda de rejeição aconteceram principalmente no Nordeste. Cerca
de 72% das pessoas que recebem o auxílio tinham, antes da pandemia, renda de
até R$ 89 per capita mensalmente. “Menos de R$ 3 reais por dia para viver”,
disse durante Live do Valor.
Essa parcela da população, explica,
está ganhando muito mais agora, e a conexão que essa população faz do auxílio é
com quem está no poder. A vitória, portanto, é de Bolsonaro, mesmo que a
proposição do auxílio não tenha partido dele.
Outro fator para o aumento de
popularidade foi o relativo silêncio mais recente de Bolsonaro. “Ele pegou Covid-19
e calado melhora muito o discurso dele”, diz.
Ao mesmo tempo, diz, o presidente
saiu de cena na discussão de crises políticas, como a que envolve o senador
Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente, e seu ex-assessor na
Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Fabrício Queiroz.
Para ele, os resultados da pesquisa
não afetam a ideia que deu base ao movimento #somos 70porcento. Segundo o
empresário, ainda são maioria os que refutam o autoritarismo, o terraplanismo,
a não importância de preservar a Amazônia, entre outros.
Essa “constatação matemática”,
diz, se mantém. O processo de debate, porém, não é uniforme, às vezes a
“crítica ganha momento”, às vezes “o governo ganha”.
Na seara da política econômica,
Moreira acredita que o ministro da Economia, Paulo Guedes, precisa mudar a
forma como exerce o cargo, se quiser continuar no governo. Até agora, diz,
Guedes não conseguiu emplacar as ideias que defende como instrumentos para
recuperação da economia. Pessoas próximas de Guedes, aponta, saíram do governo
e muitas delas vão embora sem deixar um legado.
“Salim Mattar [ex-secretário especial
de Desestatização] não fez nada, mas saiu com o mapa da mina”, referindo-se ao
plano federal de privatizações. Guedes terá que mudar, diz Moreira, mas
“dificilmente muda”, é “arrogante”. Se o ministro sair de seu cargo, o
empresário avalia que o governo não sofrerá baque e ainda poderá anunciar
outros nomes mais bem aceitos pelo mercado.
Ex-sócio do banco de investimentos
Pactual e do Genial Investimentos, Moreira defende maior tributação sobre
renda, capital, lucros e dividendos. Quando se fala de tributação, avalia, as
pessoas se vêem em bloco, como se todos estivessem submetidos à mesma carga
tributária, o que enseja um discurso por redução de impostos.
Na verdade, porém, declara, os mais
pobres sofrem carga muito maior. Há estudos, diz, mostrando que quem ganha até
um salário mínimo paga quase 50% do que ganham em impostos.
Os “ultrarricos”, diz, dos grandes
conglomerados, jatinhos e iates, pagam menos. Nas pessoas desse grupo, aponta,
70% da renda não é tributada e os outros 30% que são tributados pagam alíquota
abaixo do resto do mundo. As PECs 110 e 45 trazem simplificação, mas não falam
em progressividade.
E muitos aceitam, prossegue, o
discurso de que maior tributação sobre renda expulsa o investidor. “Se tributar
dividendos, o rico vai tirar o dinheiro do Brasil e vai para onde, se em todo
mundo é cobrado? Vai para Estônia?”, questiona. “É claro que não vão tirar o
dinheiro que está aqui. O que vai sair eventualmente é um dinheiro
superespeculativo que aproveita dessa situação. Esse dinheiro nem queremos.”
Veja:
Desemprego se agrava e pode ser bomba social de efeito retardado https://bit.ly/2X75FJ6
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