Bayern é
um time do passado na prancheta, mas do futuro no campo
Equipe alemã tem jogo intenso, coletivo,
compacto e com ótimos jogadores
Tostão, na
Folha de S. Paulo
Terminei a coluna anterior com a
afirmação de que marcar bem também é fundamental, o que não significa priorizar
o sistema defensivo.
A
maneira de defender mais frequente e eficiente no mundo ainda é a com duas
linhas de quatro, estratégia iniciada pelos ingleses na Copa de 1966.
Independentemente do desenho tático, são oito jogadores recuados quando o time
perde a bola. Há sempre um jogador de meio-campo na proteção de um defensor.
Alguns
treinadores preferem ter uma linha de cinco e outra de três à frente, ou o
contrário. São também oito jogadores. Porém, fica mais desequilibrado. Existem
ainda os que escalam uma linha de cinco e outra de quatro, ou o inverso. Vira
retranca, pois só fica um jogador no ataque.
Alguns
treinadores não abrem mão das duas linhas de quatro, durante toda a partida e
em todos os jogos, como Simeone, Ancelotti e um enorme número de seguidores. O
Corinthians foi campeão por vários anos jogando dessa maneira, com Mano Menezes,
Tite e Carille. A maioria dos times brasileiros atua dessa forma.
Alguns
treinadores, como Guardiola, Klopp, Sampaoli, Jorge Jesus e poucos seguidores, como Coudet, do Inter, e os
técnicos da Atalanta e do Leipzig, raramente marcam com duas linhas de quatro.
Preferem pressionar, recuperar a bola no campo adversário, como fez o
Atlético-MG contra o Corinthians desde o início do jogo, na vitória por 3 a 2.
Os técnicos que pressionam sabem dos riscos e acreditam que essa
é a maneira eficiente de marcar, por não deixar a bola com o adversário. Para
evitar os espaços deixados nas costas dos defensores, que jogam adiantados,
precisam de zagueiros e de goleiros rápidos.
Atalanta
e Leipzig foram muito melhores, coletivamente, que PSG e Atlético de Madrid. A Atalanta só
perdeu porque, do outro lado, havia Neymar e Mbappé.
Os
dois foram magistrais, embora Neymar tenha finalizado mal duas vezes, o que é
surpreendente. Neymar e Mbappé se completam. Neymar atuou pelo meio, porém mais
perto da área adversária, como um ponta de lança. Muitas vezes, joga recuado,
voltando para receber a bola no meio-campo, como um meia armador. Além de ficar
longe do gol, corre o risco de driblar, perder a bola e deixar a defesa
desprotegida.
Há também os treinadores que alternam, em um mesmo jogo, as duas
estratégias de marcação, a mais recuada e a mais adiantada, como faz o Grêmio e
fizeram também Atalanta e Leipzig. Já o PSG e a maioria dos times brasileiros
não fazem uma coisa nem outra. Não se definem.
A
estratégia de jogo repete a vida. Arriscar ou recuar? É preciso definir uma
rota, que pode ser alterada durante ou entre uma partida e outra. Cada um faz
sua história.
O Bayern também
está na semifinal. Com cinco minutos de jogo, dava para prever que
haveria muitos gols, dos dois lados, pois as duas equipes marcavam muito à
frente e deixavam grandes espaços nas costas dos defensores.
Aos poucos, o Bayern tomou conta do jogo. Recuperava a bola, com
facilidade, no campo do Barcelona, e chegava ao gol. Todo ataque era uma chance
de marcar. No primeiro tempo, já estava 4 a 1. Terminou 8 a 2. Incrível!
Histórico! É a associação do jogo intenso, coletivo, compacto e com ótimos
jogadores do Bayern contra um Barcelona ultrapassado, desfigurado. É o novo
futebol.
Na
prancheta, o Bayern é um time do passado, com quatro atacantes (dois pelo
centro e dois pelas pontas). No campo, é o time do futuro.
Resistir de humor elevado é preciso https://bit.ly/2XgnENa
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