Estamos
entrando em novas perspectivas de risco para a democracia
Toffoli
deixa a presidência do Supremo a um sucessor que não traz de volta a esperança
e a confiança no tribunal
Janio de
Freitas, Folha de S. Paulo
Em situações de insegurança para o Estado democrático de
Direito, a esperança de sustentação da ordem constitucional volta-se para o Supremo Tribunal
Federal.
Desde
2018, tal ordem e o próprio Supremo são alvos de ataques que não se fundamentam
em críticas, mas em propósitos contrários ao regime democrático. Com essas duas
realidades à mão, estamos entrando em novas perspectivas de risco para a
democracia.
A dimensão das responsabilidades do Supremo não admite a
passividade com que, como instituição e ressalvadas algumas atitudes
individuais, deixou-se diminuir por agressões reiteradas e crescentes de
Bolsonaro e bolsonaristas profissionais ou amadores.
Dias Toffoli enfraqueceu-o mais com sua própria fraqueza,
que o levou até a um acordo de pretenso comprometimento do Supremo com
Bolsonaro. Não entendeu o que é o Supremo na independência dos Poderes. Não
entendeu o seu dever diante dos ataques ao Supremo, à Constituição e à
democracia, dos quais teve a mísera coragem de dizer que não os viu, nunca.
Toffoli
deixa a presidência do Supremo a um sucessor que não traz de volta a esperança
e a confiança no tribunal. Até hoje não mostrou as condições técnicas e
pessoais convenientes ao tempo político em que vai presidir o Supremo.
Bolsonaro
quer a reeleição. Os militares bolsonaristas querem a reeleição, admitidas
ambições particulares de um ou outro. E esse objetivo significa mais do que um
plano político, aliás, já com dedicação plena e exclusiva de Bolsonaro.
A dimensão das responsabilidades do Supremo não admite a
passividade com que, como instituição e ressalvadas algumas atitudes
individuais, deixou-se diminuir por agressões reiteradas e crescentes de
Bolsonaro e bolsonaristas profissionais ou amadores.
Dias Toffoli enfraqueceu-o mais com sua própria fraqueza,
que o levou até a um acordo de pretenso comprometimento do Supremo com
Bolsonaro. Não entendeu o que é o Supremo na independência dos Poderes. Não
entendeu o seu dever diante dos ataques ao Supremo, à Constituição e à
democracia, dos quais teve a mísera coragem de dizer que não os viu, nunca.
Toffoli
deixa a presidência do Supremo a um sucessor que não traz de volta a esperança
e a confiança no tribunal. Até hoje não mostrou as condições técnicas e
pessoais convenientes ao tempo político em que vai presidir o Supremo.
Bolsonaro
quer a reeleição. Os militares bolsonaristas querem a reeleição, admitidas
ambições particulares de um ou outro. E esse objetivo significa mais do que um
plano político, aliás, já com dedicação plena e exclusiva de Bolsonaro.
No decorrer dos dois anos em que Luiz Fux presidirá o Supremo,
coincidirão a campanha eleitoral para a Presidência e, em princípio, as etapas
mais gritantes dos inquéritos e processos suscitados pelo clã Bolsonaro, seus
coadjuvantes e associados. As influências mútuas deverão fazer dos dois
desenrolares apenas um. Já é uma advertência de processo eleitoral tumultuoso.
O provável é maior, porém.
Bolsonaro
e suas tropas de choque e de cheque precisam ganhar a eleição a qualquer custo.
Não é força de expressão, é mesmo a qualquer custo. A necessidade de sufocar os
problemas policiais e judiciais já justificaria a derrubada de limites, os
legais e outros quaisquer.
É
notório, no entanto, que Bolsonaro se viu compelido a desacelerar a marcha para
os objetivos anti-institucionais. Imprevistos vários, inclusive nas Forças Armadas,
negaram as condições para o avanço com riscos delimitados. Ou seja, o adiaram.
As
condições podem surgir até o fim do mandato, talvez com a colaboração da
pandemia e seus efeitos sociais, mas Bolsonaro e os desejosos restauradores de
1964 não parecem contar com tamanho ganho.
Apropriar-se das
obras de Lula e Dilma, conter impulsos da boçalidade, viajar a
qualquer pretexto, tudo indica o investimento no segundo mandato, prioritário
ao plano inicial. A calmaria política na pandemia é um intervalo entre o que se
temeu até ali e a sua retomada efetivadora pós-eleição.
Tudo
ou nada, isto será o segundo mandato, se obtido. E este "se" terá sua
decisão durante a campanha eleitoral, quer dizer, a batalha eleitoral, com o
Supremo presidido por Fux e sua inclinação direitista, sua flexibilidade, sua
vaidade exorbitante e irresistível aos afagos. Uma esperança, sim —para quem
pretende vencer a eleição a qualquer custo.
Luiz
Fux nunca surpreendeu. Mas não está impedido de achar que a hora é boa para uma
experiência.
O AUTOR
Antes
que a flecha chegasse ao
peito de Rieli Franciscato e o matasse, já era conhecido o autor
original da morte desse indigenista com mais de 30 anos de proteção aos
indígenas. Já na campanha Bolsonaro falara contra a existência da Funai.
No
governo, faz a sua demolição. A Coordenação-Geral de Índios Isolados foi
entregue a um pastor, Ricardo Lopes Dias, um dos obcecados com a "evangelização"
forçada dos índios. Rieli, sem o número necessário de auxiliares, foi morto na
tentativa de evitar um confronto de brancos e índios isolados.
Mais
uma realização de Bolsonaro.
Criminoso desmonte
do Estado nacional https://bit.ly/2R5RfFB
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