Prefiro a instabilidade do São Paulo à regularidade de Palmeiras e
Corinthians
Para a maioria dos times brasileiros, faltam aproximações,
triangulações, passes decisivos e talento individual
Tostão, na
Folha de S. Paulo
A maioria dos times brasileiros cria poucas chances de gol. Além
de chegar à área adversária com menos jogadores, faltam aproximações,
triangulações, passes decisivos no momento certo, lucidez nas escolhas e
talento individual.
Existe
um excesso de bolas aéreas, com a esperança de alguém cabecear e de a bola
sobrar para alguém marcar. Às vezes, funciona, mas é muito pouco e feio.
Dadá
Maravilha diria que feio é não fazer o gol, mas os gols com muita troca de
passes e/ou com belas jogadas individuais, como os do Flamengo contra o Bahia,
enriquecem o espetáculo e perpetuam o bom nível de qualidade e de interesse no
esporte.
As
equipes que pressionam e recuperam a bola mais perto do outro gol chegam com
mais jogadores ao ataque e têm mais chances de marcar. As três, no Campeonato
Brasileiro, que marcam por pressão com mais regularidade e
frequência são o Internacional, o Atlético-MG e o Flamengo, especialmente
quando ainda tinha o técnico português Jorge Jesus, todas dirigidas por
técnicos estrangeiros.
O
Bayern de Munique, nos jogos finais da Liga dos Campeões da Europa, usando a
mesma estratégia, tinha quase sempre quatro ou cinco jogadores perto do gol
adversário.
Já as equipes que marcam muito atrás e que fecham os espaços
perto da área, para contra-atacar, ficam muito distantes do outro gol.
O
Cruzeiro, na Série B do Nacional, marca bem, mas não consegue chegar à frente e
criar chances.
Quem não ataca não vence o jogo. Empate é péssimo em campeonatos por pontos corridos.
Quem não ataca não vence o jogo. Empate é péssimo em campeonatos por pontos corridos.
O
Palmeiras, em casa, contra o Inter, com a maioria dos reservas, tinha apenas um
jogador perto do gol, o centroavante Luiz Adriano. Os outros cinco do meio para
frente ficavam distantes da área adversária.
O Corinthians também
ameaça muito pouco.
Prefiro
a instabilidade
do São Paulo, entre um jogo e outro ou durante a mesma partida, como
aconteceu contra o Atlético-MG, quando poderia golear e perdeu por 3 a 0, à
regularidade de times como Palmeiras e Corinthians, que repetem, durante os 90
minutos, a mesma pobreza
técnica. O São Paulo está à frente, na tabela, dos outros times
paulistas. Falta à equipe mais qualidade individual no ataque.
Por outro lado, é preciso reconhecer que alguns técnicos
brasileiros tentam marcar por pressão e jogar com os zagueiros mais adiantados,
como é frequente em todo o mundo, para diminuir os espaços entre a defesa e o
meio-campo. Mas isso ainda é feito irregularmente, timidamente.
O Flamengo,
contra o Bahia, voltou a encantar, com belos lances coletivos e individuais.
Faltou a intensidade na marcação por pressão do ano passado.
A
equipe mudou o desenho tático nos últimos três jogos e passou a jogar de uma
maneira parecida com a do Manchester City, dirigido por Guardiola.
Nas
duas partidas anteriores à contra o Bahia, o Flamengo jogou com um volante, um
meia de cada lado do campo, dois pontas abertos e um centroavante. Contra o
time nordestino, o meia Arrascaeta atuou mais perto do centroavante Pedro.
Já com Jorge
Jesus, não havia pontas abertos. A equipe jogava com um volante, uma
linha de três armadores e dois atacantes.
As referências de Éverton Ribeiro e do uruguaio Arrascaeta eram
pelos lados, porém, sem posições fixas.
O
Flamengo enfrentaria o Fortaleza neste sábado (5).
O
antigo conceito de que o treinador precisa organizar o sistema defensivo e
deixar que os jogadores do meio de campo para frente encontrem soluções
individuais está ultrapassado.
É
fundamental unir a inventividade, a técnica e a fantasia com a disciplina
tática.
Um toque de leveza para viver bem https://bit.ly/2XgnENa
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