03 outubro 2020

Crônica do sábado


Muitas histórias num detalhe
Luciano Siqueira

No stories do Instagram postei fragmento de um poema de Manuel Bandeira, que menciona o prazer das coisas simples, sobre uma das marinas de Pancetti.
É a minha “campanha” diária para difundir o interesse pela poesia e pelas artes plásticas. Sem muita pretensão, porém com muito prazer.
Pois bem. Pelo WhatsApp recebi mais de uma dezena de mensagens de amigas, a maioria, e de amigos com ilações as mais diversas a partir do meu gesto.
Convergindo, todas as mensagens, para a valorização da observação de elementos da realidade cotidiana que em geral nos passam despercebidos.
De fato, tudo ao nosso redor tem a ver com a vida, guarda relação com muitas histórias pessoais ou coletivas.
Como a foto que ilustra esse despretensioso comentário. Eu a fiz por acaso, enquanto aguardava Luci, que resolvia algo trivial numa das ruas do Recife. Percebi o número que indica um endereço, os algarismos gastos pelo tempo.
Há quanto tempo foram pintados? Quem os pintou?
Naquela residência, ao longo do tempo, amores, dores, dramas, conquistas, alegrias – histórias de gente que viveu ou ainda vive.
Como uma pequenina caneca metálica que guardo em minha biblioteca, que meu pai adquiriu e minha mãe conservou como lembrança do meu nascimento. Há mais de setenta anos!
Um pequenino objeto que tem cá a sua importância na modesta história de minha família.
Vale guarda-lo. Que passe de mão em mão às novas gerações.
Numa dimensão histórica universal, por assim dizer, é o achado anunciado pelo Egito hoje: 59 sarcófagos de madeira em perfeitas condições com múmias que datam de 2,6 mil anos atrás. De acordo com os pesquisadores, os caixões, encontrados na necrópole de Saqqara, pertencem a sacerdotes e oficiais e foram mantidos enterrados em posição vertical.
Os egípcios nos oferecem a oportunidade de refletir sobre uma fase da História e seus desdobramentos.
Meu “achado”, infinitamente mais modesto, nos estimula a refletir sobre as pequenas e significantes nuances de nossa vida cotidiana.
Sem a poesia a vida seria cinza https://bit.ly/2YxgGUL

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