Alta
do preço de alimentos ganha força e analistas já veem IPCA perto de 2,5%”
Matéria do Valor Econômico com informações interessantes, porém
carente de uma análise mais profunda. Útil para a compreensão da crise econômica.
(LS)
Em nível já
pressionado, os preços de alimentos devem ganhar fôlego adicional no fim do
ano, o que levou mais economistas a revisar seus cenários de inflação. O
consenso de mercado para alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) em 2020 subiu ligeiramente entre a semana passada e a atual, de 2,05%
para 2,12%, mas instituições como J.P. Morgan e Credit Suisse passaram a
esperar aumento próximo de 2,5%.
Por ora, a
percepção é que o choque será de curto prazo e, por isso, não deve afetar a
inflação em 2021. A mediana de estimativas para o avanço do IPCA no próximo ano
segue em 3%, nível em que vem oscilando desde meados de junho. Os dados são do
Boletim Focus, do Banco Central.
A inflação
de alimentos deve acumular alta de cerca de 8% no último quadrimestre, o que
vai praticamente zerar a defasagem em relação aos preços no atacado, avalia o
J.P. Morgan.
Em relatório
divulgado ontem, o banco informa que elevou a projeção para o aumento do IPCA
em 2020 de 2% para 2,4%. Segundo os economistas Vinicius Moreira e Cassiana
Fernandez, a aceleração nas cotações de alimentação no domicílio causou ajustes
para cima em todas as estimativas de inflação mensal. Agora, o banco projeta
que o índice vai subir 0,60% em setembro; 0,56% em outubro; 0,21% em novembro e
0,30% em dezembro. “Temos visto aceleração significativa dos preços de
alimentos em levantamentos de alta frequência e índices semanais nos últimos
dias, o que acreditamos ser o começo de um acentuado processo de convergência
entre os preços agropecuários no atacado e preços de alimentos ao consumidor”,
apontam Moreira e Cassiana.
Em setembro,
estimam os economistas, a parte de alimentação em casa deve subir mais de 3%. A
inflação de alimentos deve contribuir com três quartos do “índice cheio” do
mês, calculam. Também nesta segunda-feira, os economistas Solange Srour e Lucas
Vilela, do Credit Suisse, passaram a prever alta 0,3 ponto percentual maior
para o IPCA deste ano, que deve ficar em 2,4%. Além dos alimentos, Solange e
Vilela citam a reversão parcial da deflação de combustíveis e os preços maiores
de passagens aéreas como motivos para a revisão. Em 2020, os preços de
alimentação no domicílio devem avançar 14,5%, um ponto acima do previsto
anteriormente, observam Solange e Vilela. Na quinta-feira passada, Bradesco e
BTG Pactual publicaram revisões de cenário em que as expectativas para o
desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e no próximo foram
mantidas, mas que trouxeram projeções maiores para o índice oficial de inflação
de 2020. De acordo com o Bradesco, a retomada econômica “em duas velocidades”
vem gerando pressões pontuais.
O banco
mudou a estimativa para a alta do IPCA em 2020, de 1,9% para 2,4%, devido à
aceleração dos alimentos no curto prazo. Para 2021, a projeção segue em 3,1%,
mas os economistas da instituição veem “riscos altistas” no número, “em
especial da incerteza quanto à formação de preços de serviços e do potencial
realinhamento de preços administrados”.
Para o BTG
Pactual - que agora espera alta de 2,5% do IPCA neste ano, mais que o 1,9%
anteriormente -, a maior parte das pressões inflacionárias está restrita aos
preços de alimentação domiciliar, ao passo que itens mais relacionados à
atividade continuam rodando em patamares baixos e com poucos sinais de aceleração
na margem. O banco afirma, porém, que a estimativa de avanço de 3% para o
índice no ano que vem tem viés de alta.
Já Moreira e Cassiana, do J.P. Morgan, dizem que o choque nos
preços dos alimentos não vai resultar em aumento dos núcleos de inflação, que
buscam eliminar ou reduzir a influência dos itens mais voláteis. De acordo com
os economistas, a média dos núcleos deve encerrar 2020 com taxa inferior a 2%
(1,7%). “Também acreditamos que essas pressões específicas e de curto prazo não
vão contaminar a inflação de 2021”, acrescentam os economistas, que seguem
esperando alta de 3,2% para o IPCA no próximo ano. “O maior risco de médio
prazo para a inflação está no debate fiscal.”
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