Decisão sobre 5G
definirá relação do Brasil com a China
Valor Econômico
A decisão do Brasil de permitir ou não que a
Huawei Technologies forneça tecnologia para sua futura rede 5G ajudará a
definir o relacionamento mais amplo com a China, segundo o embaixador do país
asiático em Brasília. “A questão não é se a Huawei vai ganhar ou não uma
licitação”, disse o embaixador Yang Wanming em respostas a uma entrevista por
escrito, semanas depois de os EUA advertirem sobre “consequências” se os
chineses participarem da rede móvel ultrarrápida de quinta geração no Brasil.
“O que está em jogo é se um país consegue criar para todas as empresas regras
de mercado e ambiente de negócios nos parâmetros de abertura, imparcialidade e
não discriminação.”
O representante chinês descreveu o processo
de licitação do 5G como fundamental para empresas da China e de outros países
avaliarem “a maturidade” da maior economia da América Latina. “Acreditamos que
o Brasil saberá tomar decisões racionais, levando em consideração os interesses
nacionais de longo prazo”, disse o diplomata. Autoridades americanas vêm
pressionando o Brasil e outros aliados a banir componentes da Huawei em suas
redes 5G, dizendo que eles facilitam o roubo de propriedade intelectual e a
espionagem por Pequim. Recado mais explícito foi dado pelo embaixador americano
no Brasil, Todd Chapman. Em recente entrevista ao jornal “O Globo”, o
representante de Washington afirmou que as empresas americanas poderiam deixar
de investir no Brasil por medo de terem sua propriedade intelectual
comprometida pela presença chinesa.
A China ultrapassou os EUA como principal
parceiro comercial do Brasil há uma década, quando o apetite de Pequim pelas
exportações brasileiras de commodities disparou, especialmente soja, minério de
ferro e, mais recentemente, petróleo. Os laços entre os dois gigantes emergentes
passaram por dificuldade após críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro
durante a campanha que o elegeu presidente, em 2018. Uma vez empossado,
Bolsonaro amenizou o tom e se encontrou com o líder chinês Xi Jinping. Tensões
voltaram à tona em março deste ano, quando o deputado Eduardo Bolsonaro culpou
a “ditadura chinesa” pela pandemia do coronavírus. Yang exigiu um pedido de
desculpas, que nunca veio. O embaixador chinês minimizou o histórico de atritos
e disse que o consenso entre o país e o Brasil “é mais amplo que as
divergências”. A declaração ecoa observações semelhantes feitas pelo chanceler
brasileiro, Ernesto Araújo, que mencionou “boas perspectivas” bilaterais
durante um raro telefonema com o colega chinês, Wang Yi, no mês passado.
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