Chances de gol importam mais que finalizações e posse na análise de um time
Os
números são a ilusão de que podemos explicar tudo o que acontece em uma partida
Tostão, Folha de S. Paulo
As
estatísticas são importantes para avaliação do futebol,
desde que sejam bem utilizadas, no momento certo, sem paixão nem aversão pelos
números. As estatísticas podem ajudar ou confundir. São apenas números. Tudo é
incerto.
Comentei
partidas ao vivo, pela TV Bandeirantes e pela ESPN Brasil. Na época, já havia
muitas estatísticas. Eu tinha uma, pessoal, a do número de chances de gol.
Um time pode
finalizar muito ao gol, mas não criar uma oportunidade real. Ou o contrário. Um
atacante pode entrar livre várias vezes na área, mas ser desarmado no momento
da finalização. É uma grande chance de gol. Penso que elas são mais importantes
que as finalizações, a posse de bola e outros números, na avaliação dos
resultados e da atuação de uma equipe.
O Cruzeiro não finaliza nem cria chances de
gol.
As
estatísticas e as observações técnicas são complexas. Nós é que tentamos
simplificar as coisas com racionalização e números.
As
estatísticas são também utilizadas de acordo com nossos sentimentos
momentâneos, orgulhos e tendências. Quando acontece no jogo o que desejamos,
costumamos dizer: "Não falei"? Somos todos tendenciosos e orgulhosos.
Uns mais que os outros.
Os números
são a ilusão de que podemos explicar tudo o que acontece em uma partida.
Números são apenas números. São inexatos, como as observações técnicas e
táticas. Dependem muito de outros fatores, principalmente das condutas certas
ou erradas dos atletas em uma fração de segundo. Além disso, são frequentes o
imponderável, o acaso, a bola que bate em um defensor e entra no gol, um erro de um
árbitro e tantas incertezas.
Outra ilusão
no futebol, que está na moda, é tentar separar o desempenho do resultado. É o
assunto principal em todos os jogos. Os dois se completam ou se confundem. Um
quer ser mais importante que o outro.
Seria correto
dizer que um time joga bem e não vence, após uma série de partidas, ou o
contrário, dizer que a equipe sempre joga mal e vence quase todos os jogos? Não
acredito nisso. Quem empata e perde muito, após um bom período de avaliação,
sempre joga mal.
Esporte
profissional é competição. Quem não ganha, mesmo jogando bem, não tem sucesso.
Porém, é essencial que se analise outros fatores, especialmente a qualidade da
equipe.
A imprensa
esportiva e as redes sociais vivem uma relação próxima e conflituosa. Treinadores,
em pouco tempo, são endeusados e triturados. Muitas vezes, não se sabe onde
começa e onde termina a demissão de um técnico. Um segue o outro, pois isso
aumenta a audiência.
Além de
vencer, é fundamental buscar a excelência. A vitória dá mais prazer e melhora a
qualidade do espetáculo. A imprecisão e as surpresas do futebol não são também
motivos para achar que tudo é relativo, aceitável. Ganha-se e perde-se por
milhões de detalhes. É necessário se indignar.
NÃO SE ILUDA
Com muitos
reservas, com os jogadores sem atuar nem em seus clubes durante toda a pandemia
e distante da altitude, a seleção boliviana é a pior ou uma das piores de todos
os tempos.
Contra a
Argentina, nas alturas e com os titulares, será diferente. A seriedade do time
brasileiro facilitou a goleada por 5 a
0.
Everton Cebolinha, que sempre brilhou pela esquerda, ficou perdido pela
direita. Sem precisar marcar, Renan Lodi, foi um bom ponta esquerda. Contra
seleções melhores, é outra história. É uma goleada que mais atrapalha que
ajuda. Tite, não se iluda!
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