Brasil deve deixar em 2020 de ser uma das dez maiores economias do mundo
Valor Econômico
Com a desvalorização do real e a redução do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o tamanho da economia do país em dólares vai sofrer forte queda neste ano e sair do seleto grupo das dez maiores do planeta, de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) compilados pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Pelas projeções do Fundo, o PIB brasileiro deve recuar 28,3% neste ano em relação a 2019, quando convertido para a moeda americana: de US$ 1,8 trilhão para US$ 1,4 trilhão.
O país deve
perder, assim, três posições no ranking das maiores economias do mundo, de nona
para a 12ª posição, ultrapassado por Canadá, Coreia do Sul e Rússia.
Marcel
Balassiano, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV,
lembra que a pandemia vai afetar a economia do Brasil e de diversos países em
moedas locais. No caso brasileiro, o FMI projeta retração do PIB em 5,8% em 2020,
frente ao ano passado. “As medidas de distanciamento social provocaram
‘desligamento’ nas economias.
Muitos países
adotaram medidas de estímulo, como o auxílio emergencial no Brasil, evitando
quedas maiores”, disse Balassiano. “Agora, os países estão em processo de
reabertura, mas a recuperação plena depende do fim da pandemia.” Mas muito da
mudança de posição do Brasil no ranking decorre da depreciação cambial, e não
apenas da queda da atividade econômica, explica o pesquisador. Durante a
pandemia, o real foi uma das moedas que mais se desvalorizaram no mundo. O
dólar médio de 2020 está em R$ 5,28, 30% acima da média do ano passado.
Balassiano
lembra, porém, que essa desvalorização da moeda não foi obra do acaso. Ela diz
muito sobre a percepção de risco em relação ao país. “É importante frisar
que a desvalorização do real ao longo do ano e o aumento do risco são reflexos
dos problemas brasileiros, principalmente do lado fiscal. Bolsa, câmbio, juros
futuros. Todas essas variáveis mostram as incertezas e o risco embutido no
Brasil”, acrescentou o pesquisador do Ibre/FGV.
Em tempos de
real valorizado, o país chegou a ocupar a sétima posição no ranking mundial,
atrás de Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, Reino Unido e França. Foi
assim em 2011, quando a moeda americana valia menos de R$ 2. Claudio Considera,
pesquisador do Ibre/FGV e ex-chefe de Contas Nacionais do Instituto Brsileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), pondera que a oscilação do câmbio produz
efeitos artificiais sobre o PIB. Ele lembra que o consumo das famílias e dos
governos são feitos em moedas locais. Por isso, prefere suavizar os efeitos do
câmbio para construir o ranking. Dessa forma, o estudo também construiu um
ranking de países pelo critério de paridade do poder de compra (PPC). Esse
método de cálculo busca medir quanto um país pode comprar em bens e serviços
com sua moeda, facilitando comparações internacionais. Levando em conta a
paridade do poder de compra, o Brasil ocupou no começo desta década a sétima
posição no ranking de maiores economias do mundo, status que sustentou posição
até 2016. No ano seguinte, em 2017, o país escorregou para a oitava posição e,
em 2019, ocupava o décimo lugar entre as grandes economias do planeta.
Pelas
projeções do FMI em PPC, o PIB brasileiro também ficará menor, mas vai escalar
o ranking para a oitava posição neste ano. O critério de paridade de poder de
compra é menos frequentemente usado. Por ele, a China já é a maior economia
do mundo, com um PIB de US$ 23,4 trilhões em 2019, superando os Estados Unidos,
com um PIB de US$ 21,4 trilhões.
“Mesmo com
essa ‘melhora’, o PIB brasileiro também vai encolher em 2020”, argumenta
Considera, autor do levantamento do ranking dos países ao lado de Marcel
Balassiano.
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