A saga de um sertanejo em terras alentejanas
Luciano Siqueira
Nosso destino era Beijin, China, com breve escala
Assim que estacionamos nossos veículos, Tadeu – sertanejo do Pajeú, chefe de gabinete do vice-prefeito do Recife - de pronto anunciou o seu principal objetivo, além de nos acompanhar na visita oficial ao governo municipal e de rever a beleza arquitetônica da cidade: Jorge, o amigo português. Nem desconfiávamos da complexidade da empreitada.
Caminhamos por ladeiras, esquinas, ruelas, praças; fotografamos o casario e as igrejas. Tadeu, entretanto, parecia nada ver – a mente presa à sua missão particular: reencontrar Jorge.
Verdadeira busca, ao estilo de um bom romance policial:
- Senhor guarda, sabe dizer onde reside Jorge, um secretário da Câmara Municipal, amigo de Jaime, que mora em Nanterre, na França?
- Não senhor, não sei.
Na porta da barbearia, a mesma resposta:
- Não conheço, senhor.
Na quitanda da esquina:
- Não há nenhum Jorge por aqui, senhor.
E o intrépido Tadeu, percebendo-se alvo da desconfiança de nós outros seus companheiros de viagem, sequer dava atenção aos apelos para que desistisse.
- Você se enganou, homem, esse Jorge deve ser de outro lugar...
Mas ele seguia adiante como um Indiana Jones determinado, dizendo-se conhecedor do vinho, do azeite e da gente do lugar:
- Vou provar que Jorge existe!
Numa rua comprida e em declive, exclama:
- Achei! A casa de Jorge é essa. Mas a tal casa se
encontrava fechada, nenhum sinal de vida. E o vizinho, quando perguntado, foi
outra ducha fria:
- Não senhor, aqui não mora nenhum Jorge.
Já escurecia quando enfim tomamos o caminho da volta. Mas eis que de uma esquina avistamos a placa indicativa da sede municipal do Partido Comunista Português. Na entrada, uma lanchonete e uma pequena livraria onde alguns velhos militantes conversavam animadamente. Um deles trouxe a luz:
- Jorge? Sim, o camarada Jorge mora logo ali. Se quiseres iremos à residência dele.
- Eu não disse! Jorge existe, ora, eu é que não lembrava o caminho! – vingava-se Tadeu da chacota geral.
Como que ouvindo o chamado, eis que para surpresa de todos aparece em carne e osso, sorridente, o tal Jorge, secretário político do Comitê local do PCP. Trocaram abraços efusivos, perguntou pela camarada Luciana (então prefeita de Olinda), nos cumprimentou a todos e se desculpou por estar de saída para uma reunião do comitê partidário na freguesia.
O contato foi breve, mas serviu, afinal, para lavar a alma do agora saltitante Tadeu. E o final feliz mereceu uma boa comemoração no retorno a Lisboa, regada com umas boas garrafas do Alvarinho branco seco.
Veja uma dica de leitura: Marcelo Mário de Melo https://bit.ly/3f5b8ro
Caro amigo Luciano- Voce é o nosso Fernando Sabino- Excelente cronica, inclusive eu eo amigo Djalma Paes estavamos presente-Me lembro que depois fomos a sede da Prefeitura e depois fomos tomar uma taça do excelente vinho Alvarinho- Roberto Trevas
ResponderExcluirCaro amigo Luciano- Voce é o nosso Fernando Sabino- Excelente cronica, inclusive eu eo amigo Djalma Paes estavamos presente-Me lembro que depois fomos a sede da Prefeitura e depois fomos tomar uma taça do excelente vinho Alvarinho- Roberto Trevas
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