12 junho 2021

Fora o vírus, o que esperar do Brasil na Copa América?

Conceitos e verdades do futebol são com frequência desmentidos em campo

Não se deve esperar que Gabigol, na seleção, brilhe como no Flamengo
Tostão, Folha de S. Paulo

 

Neste domingo (13), o Brasil enfrenta a Venezuela, pela Copa América. Gostei da atuação contra o Paraguai, pelas Eliminatórias. O time atuou com dois jogadores pelos lados, Richarlison e Gabriel Jesus, velozes, hábeis, disciplinados, que conseguem defender e atacar.

Para defender, formaram uma linha de quatro com os dois volantes e, quando recuperaram a bola, tornaram-se atacantes, pelos lados e pelo centro. Com isso, Neymar e Firmino não precisaram voltar para participar da marcação. Contra o Equador, Neymar e Paquetá atuaram pelo mesmo espaço, pelo meio, um atrapalhando o outro.

A tática com duas linhas de quatro e com dois atacantes começou com os ingleses, campeões do mundo em 1966, há 55 anos. Continua moderna, desde que haja jogadores com características para atuar dessa maneira. O que é bom não envelhece. No início, os quatro do meio-campo atuavam na mesma linha, todos atacavam e defendiam, alternadamente. Os dois volantes eram meio-campistas. Depois, no Brasil, recuaram os dois volantes apenas para marcar. Criaram dois brucutus, às vezes, três.

A boa atuação coletiva contra o Paraguai não significa que essa é a única nem a melhor maneira de jogar. Vai depender do momento e dos adversários.

Richarlison é desses jogadores que atuam no limite técnico e físico, em todas as partidas. É melhor do que a expectativa. O mais comum é o contrário, jogadores que parecem ser melhores do que são. Existem ainda jogadores, como o zagueiro Marquinhos, que atuam sempre em altíssimo nível. Nunca vi Marquinhos atuar mal.

Antes da partida contra o Paraguai, estava a cada dia mais convicto de que Neymar, após sair do Barcelona, onde era exuberante e jogava em incrível velocidade, usando o lado esquerdo como referência, passou, no PSG, a jogar mais recuado, mais armador que atacante. Domina a bola, dribla um, dois, e, geralmente, é derrubado. Contra o Paraguai, Neymar voltou a ser extraordinário e veloz. Assim espero vê-lo jogar com frequência, como era no Barcelona e no Santos.

Gabigol deveria ter sido escalado contra o Paraguai, para ser mais bem avaliado e ter chances de evoluir, além de Firmino ter caído de produção no Liverpool. Mas não se deve esperar que Gabigol, na seleção, brilhe como no Flamengo. Se Richarlison, Gabriel Jesus ou Firmino jogassem pelo Flamengo, seriam também estrelas nacionais e endeusados, como Gabigol.

Alex Sandro e Fred, que foram muito discretos contra o Equador, atuaram bem contra o Paraguai. Porém, não vejo diferença técnica entre Alex Sandro e Renan Lodi e entre Fred, Douglas Luiz e Bruno Guimarães, que está na seleção olímpica. Minha maior expectativa é que Gerson, que também está no time olímpico, se torne a melhor opção ao lado de Casemiro.

Nas últimas eliminações do Brasil em Copas do Mundo, para os europeus, especialmente a de 2018, sob o comando de Tite, após brilhar nas Eliminatórias, ficou a impressão de que estamos muito bem para atuar na América do Sul e pouco efetivos contra as principais seleções europeias, mesmo considerando que, em vários países da Europa, as seleções são inferiores aos melhores times. Já no Brasil, a seleção brasileira é muito melhor que qualquer time, mesmo o Flamengo.

Conceitos e verdades no futebol são, com frequência, desmentidos em campo. Nada está definido. As surpresas são habituais, porque não há lógica no futebol, diz o lugar-comum. Lógicas existem, porém, são várias, que se alternam e se cruzam.

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