29 junho 2021

Na defensiva

Após ameaça de grampo, Bolsonaro reduz o tom e diz que não acompanhou a compra da Covaxin

"São 22 ministérios, não tenho como saber o que acontece", diz o presidente após confirmar reunião com Luis Miranda
Jornal GGN

 

Sob ameaça de vazamento de grampo, Jair Bolsonaro mudou o tom nesta segunda-feira (28), ao comentar as suspeitas de corrupção envolvendo a compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, fabricada pela indiana Bharat Biotec.

A seguidores que o abordaram nesta segunda (28), Bolsonaro disse que “nem sabia como é que estavam as tratativas da Covaxin porque são 22 ministérios” para tomar conta. “Não tenho como saber o que acontece nos ministérios, vou na confiança em cima de ministro e nada fizemos de errado”, defendeu ele. As informações são da Reuters.

A vacina foi a mais cara adquirida pelo governo, ao custo de 1,6 bilhão de reais, em fevereiro passado, por meio de uma “empresa atravessadora”, a Precisa, cujo sócio, Francisco Maximiano, é investigado por esquemas que ocorreram na gestão do ex-ministro da Saúde Ricardo Barros (PP), deputado federal e líder do governo Bolsonaro na Câmara. Maximiano deve depor à CPI da Covid no Senado na quarta (29).

Na semana passada, Bolsonaro foi abordado pela imprensa sobre o mesmo assunto e, destemperado, atacou durante as jornalistas e as empresas de comunicação, e tratou o Covaxingate como uma “invenção”, além de afirmar que não daria satisfações sobre o caso à mídia.

Na última sexta (25), em uma sessão histórica da CPI da Covid no Senado (assista no vídeo abaixo), o deputado federal Luis Miranda (DEM) afirmou que levou a Bolsonaro, em 20 de fevereiro, as suspeitas de corrupção no contrato da Covaxin. Segundo Miranda, o próprio Bolsonaro teria dito que “isso é coisa” de Ricardo Barros.

Barros teria indicado a funcionária da Saúde que fiscaliza o contrato e liberou a importação da Covaxin, a despeito de várias divergências entre o contrato original e a nota fiscal internacional, que veio em nome de uma offshore com base em um paraíso fiscal. O dono da Precisa também é sócio da empresa Global, que é investigada justamente por ter dado um golpe no Ministério da Saúde na gestão de Barros. Leia mais aqui.

AMEAÇAS VELADAS. A declaração de Bolsonaro, nesta segunda (28), confirma o depoimento de Miranda à CPI.

O parlamentar afirmou ainda que Bolsonaro prometeu que iria mandar a Polícia Federal investigar os indícios de corrupção no caso Covaxin, mas o presidente nada fez. Pelo contrário, a PF foi acionada agora, depois do escândalo ser revelado, mas para investigar os irmãos Miranda. Bolsonaro, além de tudo, mantém Barros na liderança do governo até hoje.

Antes de Bolsonaro comentar o caso com os apoiadores, os jornais da grande mídia divulgaram entrevista na qual o deputado Miranda insinua que seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda – pivô do escândalo Covaxin – pode ter gravado a reunião com Bolsonaro no Palácio do Planalto. O deputado afirmou que Bolsonaro teria problemas se negasse o encontro em que citou Barros.

Veja: Quem avisa que vai melar o jogo com tanta antecedência bom sujeito não é https://bit.ly/2TUCwlA

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