Tudo faz sentido
Luciano Siqueira
Banho de mar sob chuva torrencial e de
brincos faz sentido. Acabei de saber disso numa conversa fortuita em família...
Ora, por que não faria sentido o
roteiro atabalhoado de Jair Messias Bolsonaro no exercício da presidência da
República?
O comportamento errático do presidente,
que ora morde e ora assopra em atribulada relação com o judiciário e com o
parlamento, tem produzido verdadeiras pérolas para crônica política cotidiana.
Quando acossado pela pressão
oposicionista ou pelos embaraços intramuros que ele próprio cria em sua
insensatez crônica, o mandatário age de maneira aparentemente contraditória,
embora tudo faça sentido.
Ninguém mais do que o próprio
Bolsonaro, nos últimos dois anos e meio, atentou contra a Constituição e a
normalidade democrática; e ao mesmo tempo se arvorou guardião da democracia.
Nenhum presidente praticou tantas
escaramuças no relacionamento com o Senado e a Câmara. De quebra, ataques
direcionados a partidos aos quais já pertenceu – inclusive ao PSL pelo qual foi
eleito —, em termos desabonadores e depreciativos.
Agora, num lance de autodefesa diante
das ameaças de impeachment, avança em sua relação com o chamado Centrão ao
trazer para Ministério da coxia do presidente justamente um líder dessa parcela
de legendas aglutinadas no parlamento.
Mais: até o reconhecimento público de
que sempre pertenceu ao Centrão.
O bom filho, assim, retorna e é recebido
de braços abertos.
Será?
Ninguém e nenhuma instituição
estabelece relações duradouras e consistentes com o ex-capitão.
No caso da maioria parlamentar
circunstancial vigente, bastará o presidente descer mais cinco ou seis lances
de ladeira abaixo para que os atuais aliados lhe deem as costas e embarquem num
projeto alternativo.
Poderia ser diferente?
Não, por dois motivos: aqui e mundo
afora todo governo necessita praticar acordos e concessões para que alcance
maioria parlamentar; e, no caso específico de Bolsonaro, esse rosário de
contradições e incoerências é a própria marca do governante.
Acontece que no meio do caminho tem uma
crise, que segue se agravando em todas as suas dimensões.
E tem também uma oposição que se amplia,
social e politicamente, e tende a convergir para uma direção comum.
Só não se pode imaginar que Bolsonaro e
o Centrão irão ao fundo do poço abraçados, pois parte dos seus aliados de agora
pularão fora em momento oportuno.
.
Veja:
Na luta política, todo apoio é bem-vindo https://youtu.be/v8gcgIN23b8
Nenhum comentário:
Postar um comentário