A caminho do
naufrágio
Luciano
Siqueira
Alterações em equipe de governo são comuns. Até mesmo uma dita reforma
ministerial, quando vários ministérios mudam de uma só vez.
Seja por razões de natureza administrativa, seja por razões políticas.
Acontece aqui e mundo afora.
No caso do governo do ex-capitão Jair Bolsonaro, alterações na equipe têm sido
pontuais e por duas razões imediatas: arengas entre o presidente e seus
auxiliares ou tentativa meio que atabalhoada de tapar furos em sua instável
base parlamentar.
É o que parece acontecer agora. Há sinais de inquietação nas hostes do Centrão,
implicando possíveis deserções.
Um risco a mais num instante em que o presidente se vê cada vez mais isolado,
enfraquecido e pressionado por vozes as mais diversas que pedem a interrupção
do governo.
Qualquer análise minimamente isenta constata que em pouco mais de dois anos e
meio de governo, o presidente tem procurado disfarçar sua descomunal
incompetência com a geração de incidentes sucessivos, ora mirando inimigos
reais ou imaginários, ora atacando o parlamento e o judiciário, ora batendo
cabeça com alguns dos seus próprios auxiliares.
Acontece que a realidade não espera e o país segue mergulhado em profunda e
complexa crise.
As sucessivas promessas do ex-super ministro da Economia Paulo Guedes, jamais produziram
resultados concretos em termos de consistente reanimação das atividades
econômicas.
Alguns indicadores, aparentemente positivos, refletem essencialmente a elevação
dos preços das commodities no mercado internacional. Somos cada vez mais
exportadores de produtos primários e em nossa pauta de exportações a presença
de manufaturados decai a cada ano.
O controle da pandemia, lento e incerto, visivelmente padece dos erros
cometidos pelo próprio presidente e seus auxiliares, dentre os quais a patética
figura do ex-ministro da Saúde, general Pazuello. A negação da ciência se soma
à esperteza corrupta, colando no governo o selo do genocídio e do mau uso dos
recursos públicos.
Dados de pesquisas sobre a mesa, que revelam índices negativos cada vez mais pesados
sobre o seu governo e sobre a sua conduta, o presidente promove novas mudanças
na equipe ministerial.
Inquirido por repórter, o ministro-chefe da Casa Civil, general Luiz Eduardo
Ramos, não se conteve e se disse atropelado pelos fatos, uma vez que conversara
longamente com o próprio presidente da República, dois dias antes, e sequer
fora mencionada qualquer intenção de substituição de ministros.
O atônito general será substituído pelo proeminente líder do Centrão, senador
Ciro Nogueira.
Tapar furos assim de maneira atabalhoada num barco sujeito ao mar revolto nunca
produz os resultados desejados.
Tudo parece sugerir que o barco de Bolsonaro tanto pode afundar antes de
completar os quatro anos de travessia ou no próximo pleito presidencial. Não há
mais uma vaga assegurada no estaleiro do rentismo e da elite empresarial
reacionária, que lhe deram sustentação até anteontem e buscam uma alternativa
para substituí-lo.
Veremos.
.
Veja: A CPI continua botando
mais caroço para o indigesto angu de Bolsonaro https://bit.ly/3dkvSvC
Luciano Siqueira
Alterações em equipe de governo são comuns. Até mesmo uma dita reforma ministerial, quando vários ministérios mudam de uma só vez.
Seja por razões de natureza administrativa, seja por razões políticas.
Acontece aqui e mundo afora.
No caso do governo do ex-capitão Jair Bolsonaro, alterações na equipe têm sido pontuais e por duas razões imediatas: arengas entre o presidente e seus auxiliares ou tentativa meio que atabalhoada de tapar furos em sua instável base parlamentar.
É o que parece acontecer agora. Há sinais de inquietação nas hostes do Centrão, implicando possíveis deserções.
Um risco a mais num instante em que o presidente se vê cada vez mais isolado, enfraquecido e pressionado por vozes as mais diversas que pedem a interrupção do governo.
Qualquer análise minimamente isenta constata que em pouco mais de dois anos e meio de governo, o presidente tem procurado disfarçar sua descomunal incompetência com a geração de incidentes sucessivos, ora mirando inimigos reais ou imaginários, ora atacando o parlamento e o judiciário, ora batendo cabeça com alguns dos seus próprios auxiliares.
Acontece que a realidade não espera e o país segue mergulhado em profunda e complexa crise.
As sucessivas promessas do ex-super ministro da Economia Paulo Guedes, jamais produziram resultados concretos em termos de consistente reanimação das atividades econômicas.
Alguns indicadores, aparentemente positivos, refletem essencialmente a elevação dos preços das commodities no mercado internacional. Somos cada vez mais exportadores de produtos primários e em nossa pauta de exportações a presença de manufaturados decai a cada ano.
O controle da pandemia, lento e incerto, visivelmente padece dos erros cometidos pelo próprio presidente e seus auxiliares, dentre os quais a patética figura do ex-ministro da Saúde, general Pazuello. A negação da ciência se soma à esperteza corrupta, colando no governo o selo do genocídio e do mau uso dos recursos públicos.
Dados de pesquisas sobre a mesa, que revelam índices negativos cada vez mais pesados sobre o seu governo e sobre a sua conduta, o presidente promove novas mudanças na equipe ministerial.
Inquirido por repórter, o ministro-chefe da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos, não se conteve e se disse atropelado pelos fatos, uma vez que conversara longamente com o próprio presidente da República, dois dias antes, e sequer fora mencionada qualquer intenção de substituição de ministros.
O atônito general será substituído pelo proeminente líder do Centrão, senador Ciro Nogueira.
Tapar furos assim de maneira atabalhoada num barco sujeito ao mar revolto nunca produz os resultados desejados.
Tudo parece sugerir que o barco de Bolsonaro tanto pode afundar antes de completar os quatro anos de travessia ou no próximo pleito presidencial. Não há mais uma vaga assegurada no estaleiro do rentismo e da elite empresarial reacionária, que lhe deram sustentação até anteontem e buscam uma alternativa para substituí-lo.
Veremos.
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