Pazuello encrencado
A CPI tem sido constrangedora para o general Pazuello, ex-suposto ministro da Saúde. É crescente o contraste entre o depoimento que prestou e as revelações que vêm surgindo a propósito de condutas inadequadas que teria cometido no exercício do cargo. Janio de Freitas escreve sobre o assunto na Folha de S. Paulo:
“Ex-ministro
aceitou administrar cuidados médicos para mais de 200 milhões de pessoas sem o
mais simplório conhecimento para tal”
Sucedem-se na
CPI da Covid, ou em torno dela, revelações que tornam sempre mais graves as
responsabilidades de Pazuello em centenas de milhares de mortes, nas 540 mil já
havidas e nas vindouras.
Como
preliminar nesse desempenho trágico, note-se que Pazuello aceitou, nada lhe
impondo isso, administrar os
cuidados médicos para mais de 200 milhões de pessoas sem, no entanto, o mais simplório
conhecimento para tal.
É previsível
que das constatações da CPI decorram processos judiciais numerosos. Ao menos
um, por mérito reconhecido, exclusivo de Eduardo Pazuello. General da ativa,
mas autor de atos que não se inscrevem no Código Penal Militar.
Aninham-se em
diversas posições dos mais detestados códigos civis.
Apesar do
aparente orgulho com que o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Batista Jr.,
distingue militares e civis —“Nós não somos lenientes com desvios”— há pouco a Folha comprovou
que, de 21 processos
contra generais na Justiça Militar, em 10 anos, só um recebeu punição.
Nem advertência
foi dada a Pazuello por transgredir o Estatuto e o Regulamento Disciplinar dos
Militares, quando já de volta ao Exército participou de um comício
de Bolsonaro. Hoje tem uma sinecura na própria Presidência, a título de uma
função para a qual, outra vez, não tem mínimas condições.
Com isso, já
está posto o problema: protegido até além da proteção gozada pelos generais,
Pazuello como réu na Justiça comum poderá estar no lugar certo, mas não é essa
uma disposição cenográfica, de classe ou judicial isenta de pretendida recusa
—onde bastou a correta qualificação do general como mentiroso, na CPI, para
surgirem ameaças ao regime constitucional.
Embora
silenciado, esse é um tema urgente. O que não significa promessa de atenção ao
tema ou à urgência.”
.
Veja: Na relação de Bolsonaro com as Forças Armadas, separar
o joio e o trigo é necessário https://bit.ly/3xOWa13
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