Militar
admite que atuou nas negociações de venda de vacina por Dominghetti
Coronel da
reserva Helcio Bruno Almeida, de instituto bolsonarista, organizou encontro de
Dominghetti com o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco. Em
nota, admite que intermediou conversa
Jornal GGN
O encontro
em que o vendedor de vacinas, Luiz Paulo Dominghetti, o executivo da Davati,
Cristiano Carvalho, e o reverendo Amilton Gomes de Paula, da Senah (Secretaria
Nacional de Assuntos Humanitários) ofertaram 400 milhões de doses da
AstraZeneca ao secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, no
dia 12 de março, foi viabilizada e organizada pelo coronel da reserva Helcio
Bruno Almeida.
A conexão de Helcio com os integrantes do governo vem do meio
militar. Ele é o presidente do Instituto Força Brasil, que defende bandeiras
bolsonaristas de extrema-direita (armamento, desqualificação das eleições
digitais e o tratamento precoce da Covid-19).
Em seu depoimento à CPI da Covid, Dominghetti afirmou que Helcio
Almeida foi quem viabilizou o encontro com o secretário-executivo da pasta no
início de fevereiro e que ele tinha acesso a Elcio Franco, “por ele ser dos
comandos”.
Em nota, o Instituto Força Brasil tentou se defender das
acusações mas, ao mesmo tempo, acabou admitindo que interferiu sobre o encontro
para a negociação de compra das vacinas.
“Conforme protocolo do Ministério da Saúde (MS), qualquer
negociação decorrente da audiência solicitada pelo IFB no dia 12 de março
último, deveria ser realizada, diretamente, entre o MS e o Laboratório
Fabricante das Vacinas (Astrazeneca ou Johnson & Johnson), sem
intermediários”, escreveu Helcio.
Nesse sentido, justificou que as negociações não deveriam
envolver nenhum entidade externa, somente os laboratórios oficiais e a pasta da
Saúde, “sem intermediários”, como diz a nota.
Mas continuou: “A Distribuidora [Davati] argumentava que tais
dados [comprovação de que representava o laboratório de vacinas] somente
poderiam ser repassados ao Laboratório Fabricante, mediante uma manifestação de
interesse do MS à DAVATI, que não ocorreu.”
A explicação ocorre porque a Davati tentava buscar junto ao
governo Bolsonaro uma carta de intenções de aquisição das vacinas e, somente
então, iria procurar o laboratório para fazer essa intermediação, e tentaria
obter dele [neste caso a AstraZeneca] a comprovação que o governo solicitava de
que a Davati seria a representante oficial da venda da vacina.
Neste imbróglio, o Instituto ainda confirmou a sua intervenção e
influência nos processos de negociação: “A cooperação do IFB residia na
possibilidade de que o mercado brasileiro fosse atendido por uma expressiva
quantidade de vacinas, em curto prazo, e que este número seria suficiente para
alcançar, inclusive o Setor Privado (objeto da audiência), aliviando a forte
demanda do produto.”
“A reunião foi curta, encerrada, e não houve desdobramento para
o IFB”, apontou, ainda.
.
Política: Na relação de Bolsonaro com as Forças Armadas,
separar o joio e o trigo é necessário https://bit.ly/3xOWa13
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