26 julho 2021

Crônica da vida verdadeira

A tal da felicidade 

Jéssica Barbosa*

 

Parecia só mais um dia comum, como outro qualquer, daquela semana de trabalho. A manhã passou rápido, e após o almoço, estávamos nos preparando para seguir no expediente da tarde. 

Nesse dia acordei meio indisposta, passei a manhã desanimada, e pelo que eu lembre, não tinha nenhum motivo específico. É óbvio que - depois de saborear uma marmita caprichada feita pela minha avó - a falta de coragem foi intensificada. 

Eu não tinha nenhuma reportagem programada naquele dia, mas, como a vida dos jornalistas são cheias de emoções e imprevistos, de repente escutei: 

- “Jéssica, surgiu uma pauta agora, tá livre?”

- “Claro. Vamos nessa. (Uma pauta externa era tudo que eu queria pra não acabar dormindo em frente ao computador naquela tarde).” 

Fiquei tão feliz em saber que iria pra rua, que nem prestei atenção quando minha chefe falou sobre o que seria a pauta. Segui para o local com o fotógrafo e chegando lá vi que iríamos “cobrir” uma festa para crianças, em uma comunidade carente. 

“Vai nos levar pro mundo de magia
Onde a fantasia vai entrar na dança
E quando o brilho do amor chegar
Quero é mais brincar, melhor é ser criança.”

Naquele instante, enquanto a música do grupo Trem da Alegria embalava a festa, meus olhinhos começaram a brilhar. Esse contato com gente, conversar, escutar histórias, são coisas que sempre me regozijaram, tanto no jornalismo, como na vida. 

- “Ei, moça, eu vou aparecer na Globo, é?” (risos) - gritou uma menina franzina e de roupa colorida.”

- “Não. Mas posso entrevistar você. Qual seu nome?”

- “Maria Clara” - respondeu ela enquanto arrumava o cabelo para aparecer em frente à câmera. 

Depois de ver a alegria de Maria Clara, das outras crianças, e de conversar com um Senhor que tinha perdido a esposa há alguns dias, mas, que estava lá com o neto que queria muito ir à festa, percebi que não tinha motivos para ficar desanimada. Então, saí de lá me lambuzando com um algodão doce e decidida a valorizar mais momentos como esse. 

E como diz outra música do “Trem da Alegria”, não precisamos procurar a felicidade, pois ela nos encontra quando menos esperamos. Ela está dentro de nós, no abraço que damos em alguém, na mordida em um algodão doce… 

“Perguntei pro céu
Perguntei pro mar, pro mágico chinês
Mas parece ninguém sabe, aonde a felicidade
Resolveu de vez morar
Até que um anjo me disse, que ela existe
Que é tão fácil encontrar
Bem lá no fundo do peito o amor é feito
É só você se entregar.”

*Jornalista, cronista


. ILustração: Cândido Portinari

Tema político, veja: Quem avisa que vai melar o jogo com tanta antecedência bom sujeito não é https://bit.ly/2TUCwlA

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