A boca da noite
Thiago de Mello
O que não fiz ficou vivo
pelo avesso. O que não tive
pertence à dor do meu canto.
A estrela que mais amei
acende o meu desencanto.
Vinagre? Sombra de vinho?
De noite, a vida engoliu
(é doce a boca da noite)
as dores do meu caminho.
O meu voo se apazigua
quando a tormenta me abraça.
O que tenho se enriquece
de tudo que não retive.
Diamante? Flor de carvão.
[Ilustração: Roosevelt de Oliveira Lourenço Roos]
.
Veja: A poética ousada e cativante de Joana Côrtes https://bit.ly/3xdnKW8
Nenhum comentário:
Postar um comentário