29 setembro 2021

Enfrentando o câncer


Novos testes genéticos livram
pacientes com câncer da quimioterapia

A médica Seema Doshi ficou chocada e apavorada quando descobriu um nódulo no seio que acabou sendo confirmado como cancerígeno.
Gina Kolata, do New York Times/O Globo


— Aquilo abalou meu mundo. Eu pensei: ‘É isso. Eu vou precisar fazer quimioterapia’ — diz a dermatologista de um consultório particular no subúrbio de Franklin, em Boston, nos Estados Unidos, que tinha 46 anos na época de seu diagnóstico.

Ela estava errada.

Seema foi beneficiária de uma revolução silenciosa no tratamento do câncer de mama, uma lenta redução no número de pessoas para as quais a quimioterapia é recomendada.

O tratamento quimioterápico foi considerado durante décadas "a regra, o dogma" para tratar o câncer de mama e outros cânceres, explica o médico Gabriel Hortobagyi, especialista em câncer de mama no Centro de Câncer MD Anderson, em Houston, nos Estados Unidos. Mas dados de várias fontes oferecem alguma confirmação do que muitos oncologistas dizem baseados em experiências pessoais — o método está em declínio para muitos pacientes.

Testes genéticos agora podem revelar se a quimioterapia de fato seria benéfica ou não. Para muitas pessoas, existem alternativas melhores, com uma gama cada vez maior de medicamentos, incluindo bloqueadores de estrogênio e medicamentos que destroem o câncer ao atacar proteínas específicas na superfície dos tumores. E há uma vontade crescente entre os oncologistas de reduzir os tratamentos que não ajudam.

O resultado poupa milhares de pacientes a cada ano do temido tratamento de quimioterapia, que envolve perda de cabelo, náusea, fadiga e potencial para causar danos permanentes ao coração e aos nervos das mãos e dos pés.

A diminuição da quimioterapia está acontecendo para outros tipos de câncer também, como câncer de pulmão — a causa mais comum de morte entre pacientes com câncer nos Estados Unidos, provocando mais de 69 mil óbitos por ano. Em segundo lugar, o câncer de mama é responsável por cerca de 43 mil mortes a cada ano no país.

Ainda assim, a oportunidade de evitar o tratamento quimioterápico não é oferecida em todos os lugares, e normalmente depende de onde o paciente é tratado e por quem.

Mas, para alguns pacientes que têm a sorte o suficiente para visitar determinados centros de tratamento de câncer, as características da terapia mudaram. Agora, mesmo quando a quimioterapia é recomendada, os médicos muitas vezes dão menos medicamentos e por menos tempo.

“É um mundo completamente diferente”, diz Lisa Carey, especialista em câncer de mama na Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos.

Robert Vonderheide, um especialista em câncer de pulmão na Universidade da Pensilvânia, também nos Estados Unidos, relembra seus primeiros dias no trabalho, há cerca de 20 anos:

— A grande discussão era se você dava aos pacientes dois tipos diferentes de quimioterapia ou três — diz o médico. Existiu até até um ensaio clínico para ver se quatro tipos de quimioterapia seriam melhores.

— Agora, nós estamos tratando até mesmo pacientes com câncer de pulmão avançado e dizendo a eles: “sem quimioterapia” — conta Vonderheide.

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