Subserviência fora de tempo e de lugar
Luciano Siqueira, no portal Vermelho
Tem sido assim ao longo da
História: nações minimamente ciosas dos seus próprios interesses valem-se de
contradições entre potências conflitantes para tirarem proveito e dar passos
adiante em projetos nacionais.
No ambiente da segunda guerra,
Getúlio Vargas operou com habilidade em meio ao conflito entre aliados versus nazi
fascismo. Avançou na construção de infraestrutura industrial estratégica para o
Brasil. A Companhia Siderúrgica Nacional e a própria Petrobras são subprodutos
dessa postura.
Bolsonaro, inspirado por um misto
de complexo de vira-latas com servilismo ideológico, há três anos move-se na
cena internacional a partir do alinhamento automático com os EUA.
Ora, o mundo gira — e vive uma tensa
transição a uma nova ordem multipolar, em que se acentua justamente o declínio
relativo dos EUA e a ascensão de novos polos de influência.
Uma janela de oportunidades para a
consecução de um projeto nacional de desenvolvimento, calcado fundamentalmente
em nossos próprios interesses – que o governo Bolsonaro não enxerga ou que a
ela propositadamente renuncia.
Concomitantemente, a herança
diplomática e comercial dos anos Lula-Dilma, em que se praticou uma política
externa ousada, independente e flexível, pouco a pouco vai se desfazendo.
Hoje, a presença do Brasil no
Brics é quase formal, burocrática.
Mesmo as relações comerciais
privilegiadas com a China – atualmente nosso principal parceiro comercial – vem
sendo bombardeada com certa frequência.
Em decorrência, além de perdas
objetivas, o Brasil abandona o destaque que havia alcançado nos fóruns mundiais
multilaterais.
O isolamento de Bolsonaro no
recente encontro do G20 é exemplar.
E a condição de vilão na COP 26,
que se realiza agora em Glasgow, consolida nosso papel de pária, vergonhosamente
marginalizado do real jogo de forças.
Nesse contexto, mostra-se oportuno
o destaque dado nas diretrizes para uma plataforma emergencial de reconstrução
nacional, ora em debate pelo PCdoB, à retomada de uma política externa independente,
onde se possa explorar beneficamente relações internacionais amplas, acordos de
cooperação tecnológica, parceria estratégica com a China e com os BRICS e, por
essa via, fomentar condições para o desenvolvimento nacional independente.
Este é um dos desafios do novo pacto político e social a
emergir de uma vitória das forças populares e democráticas no pleito do ano
vindouro.
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Por aqui a gente também se entende https://bit.ly/3mlWMJ0
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