16 fevereiro 2022

Palavra de poeta: Maurilio Rodrigues

ESPELHO

Maurilio Rodrigues*
 
De frente ao espelho,
Eu sou apenas
O espectro de mim.
Não consigo ver
Outra pessoa,
Senão eu.
Criatura única,
Sem cópias.
Devaneios sem medidas?
Mantenho sigilo máximo
Com o que sou,
E o que fui.
Apenas uma massa
Clandestina-real,
Das incalculáveis
Coisas sentidas.
Para alguns, ínfimas,
Para mim um infinito,
De sonhos e de vidas.


[Ilustração: 
Gustave Courbet]


*Médico cardiologista, poeta
Sempre de olho nos fatos e tendências https://bit.ly/3n47CDe

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