Café feito amostra grátis
Luciano Siqueira
No curso diário da minha agenda atribulada, gosto de parar num bistrô para brevíssimo intervalo e um cafezinho.
Às vezes troco o café por um suco de laranja ou limão. Meu refluxo gastresofágico de estimação aqui e acolá me obriga a uma pausa na cafeína.
Como tenho sido disciplinado no meu regime alimentar, um cappuccino de vez em quando é plenamente suportável. E prazeroso.
Mas tenho notado que a crise econômica, a inflação em particular — que também atinge diretamente o suprimento de restaurantes, bares e bistrôs — vem provocando efeito no mínimo esquisito. Xícaras diminuem de tamanho.
Domingo último, enquanto Luci fazia uma pequena compra, dei minha parada para um cappuccino e a leitura diária via internet.
- Médio ou pequeno?, perguntou a garçonete.
- Pequeno.
Mal sabia que ali pequeno é sinônimo de diminuto. Verdadeira
amostra grátis à modo de promoção de laboratório farmacêutico. Um gole apenas,
não mais do que isso.
Ao pagar, li a fatura: 10 reais e sessenta centavos.
Não há outra conclusão senão que a crise econômica é tão
corrosiva que até mesmo o velho hábito brasileiro do cafezinho se vê ameaçado. Ou
restrito a quem tem grana sobrando no bolso – que não é o meu caso.
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Veja:
Onde a luta encontra a poesia https://bit.ly/3E95Juz
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